Ao mestre, com carinho

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Um professor de Direito Civil da UFBA, Elsior Moreira (ou Elcior, não me lembro a grafia do nome dele), uma vez perguntado por mim se era daqui de Conquista, me respondeu dizendo “Deus me livre!!!! Morei naquela terra até os 12 anos, vi gente morrer na porta da minha casa!”. Mas sempre foi um ótimo professor pra mim. Tive colegas que tinham divergência ideológica com ele (e, cá entre nós, eu também tinha). Mas eu gostava dele. Sempre que o encontrava pelas ruas da Graça, em Salvador, parava para conversar com ele. Lembro-me até hoje do suspense da turma quando, no meio de uma aula (meu D–s, que coragem eu tinha!), ofereci ao professor umas nozes com chocolate que uma amiga tinha trazido de fora. A turma aguardava uma bronca imensa, mas ele disse: “Vejam vocês!!!! ainda me vem esse sujeitinho me dar chocolate para eu amansar na prova!!”. Eu, super sem graça, a turma rindo, e ele, em voz baixa: “eu estou brincando, meu filho – eu não posso comer açucar”, ou algo assim. Alguns alunos não gostavam dele porque o mestre não aderia muito às greves. Eu gostava porque vi seu lado humano, mas também por outra razão, que foi a que me motivou a escrever esse post.

Hoje eu tive uma altercação com um juiz. Acho que, na defesa das minhas prerrogativas, eu não posso fingir que aceito determinado comportamento, quando não o aceito. Não posso deixar que um cliente meu seja maltratado porque alguém acha que seu cargo lhe permite a dispensa da boa cortesia. E gosto muito do juiz em questão. Mas não posso, mesmo, baixar a cabeça. Saí da audiência extenuado, cansado, chateado. Protestei contra o comportamento de um juiz que, exceto sua atitude em audiência, é irreprovável. E isso é constrangedor. Mas me consolaram duas coisas: o apoio inclusive do advogado da parte contrária, e a lição do professor Elsior (ou será Elcior?): “Não dobre a espinha, jamais!”. Não vou dobrar, não, professor.

D–s permita que eu vá pra Suécia, pra não ter que passar mais por esse tipo de coisa… Vontade de largar tudo e ir vender coco na praia…

Autor: francis

the guy who writes here... :D

8 Comments

  1. Continuo aqui, firme, torcendo por vc. Mas não esquenta não, o mundo tá cheio de gente que não merece a nossa tristeza. Aliás, tb sou advogada e nesse nosso mundo, então, tá cheeeeeeeio! Bjo.

  2. Puxa, Pat, obrigado mesmo!!! Muito legal saber que você também é colega! 😀 😀 😀 Valeu pela força! Mas, não sei, a vontade agora é de voltar a considerar fazer concurso. Vou reunir os livros e voltar a dar uma estudadinha…

  3. Tô voltando pro curso preparatório em março, mas a preguiça de estudar é enooorme…! Já tenho tantas obrigações. Pelo menos fico em contato com o mundo acadêmico, que é bem legal. Tenho várias amigas defensoras e, devo dizer, o trabalho é bem relax! Acho que é uma garantia bem legal, dou a maior força p vc fazer concurso. Bjo

  4. Bela homenagem! Abraço

  5. Bravo, conquistense! MAs se resolver vender coco na praia, dá pra fazer um happy hour no Bistrô todo dia… 😀
    Beijo, bom dia!

  6. Não te conheço, mas gostaria que soubesse que a sua homenagem me emocionou bastante. Sou filha de Élsior e adorei ler o seu artigo.
    Élen Alves

  7. Cara Élen,

    Fico muito feliz com o seu comentário. Muita saudade do Prof. Élsior, que, sem dúvida alguma, foi o que mais influenciou a minha formação na faculdade, além de ser o que eu mais gostava.

  8. Pingback: ManéBlog » Blog Archive » Ê, mundo grande sem porteiras…

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