Surpresa em Oslo

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Alguns meses atrás, eu escrevi aqui sobre o Direito de Esquecer – mais especificamente, sobre o livro de Viktor Mayer-Schönberger. Pois qual não foi a minha surpresa quando o instituto responsável pelo meu mestrado convidou o nobre professor para dar uma palestra para nós hoje! Aliás, algumas celebridades têm vindo a Oslo – segunda passada teve palestra de Noam Chomsky, mas não pude ir.

A palestra do prof. Schönberger foi excelente, e, ao mesmo tempo, preocupante. Imaginem ter todo um passado a nos perseguir em uma rede que nada esquece, como é o caso da internet.

Eu queria ter feito uma pergunta ao professor, mas não tive a chance. A obra dele fala muito sobre a internet que nada esquece. Mas e nós? Explico: vivemos em um mundo em que somos cada vez mais expostos à informação, e somos cada vez mais cobrados por isso. Temos que estar atualizados, por dentro de todos os últimos acontecimentos. O mercado cobra atualização constante, especialização ininterrupta. Será que aí não estaria um problema? Será que essa busca incansável pelo acúmulo de informações não nos transforma em autômatos, em meras máquinas humanas? E nossas potencialidades? E nossos sonhos? E nossa vida?

Sei que isso parece muito romântico, mas tenho pensado um pouco nisso. O mestrado é excelente, mas a veia da legislação européia parece simplesmente não prevê outro mecanismo que não o privado para prover determinados serviços. Será que nós, humanos, somos incapazes de produzir instituições eficientes, e será que a eficiência só existe quando há a perspectiva do lucro?

Ainda sobre o direito de esquecer, penso nas perspectivas religiosas e filosóficas disso. Esquecer, pagar os pegadas, redenção. Será que não temos o direito de esquecer que erramos?

A palestra caminhou um pouco sobre o fato de nossa informação na internet normalmente é acessada fora do contexto em que fora produzida, o que potencialmente pode gerar transtornos. Imagine uma foto de um sério advogado ou ministro, aos 17 anos, fazendo alguma picardia. Mas, e conversava isso com uma colega, será que, no fundo, não precisamos nós aprender a contextualizar, a entender que todos temos nossos momentos, nossa história, e que não se conhece alguém por meio de mera informação?

Enfim, muito a refletir…

Desculpem os pensamentos desconexos. É tarde, e há muito o que pensar…

Autor: francis

the guy who writes here... :D

3 Comments

  1. POis, imagina a foto de umamãe de família, com um homem, tomando banho num tanque de eternit, num passado não muito distante… o que isso não pode gerar em mãos erradas, hein?? :))) Brincadeira à parte, muito bom o post e suas reflexões, Fan! Muitas vezes não nos é dado o direito de esquecer, e por isso vamos carregando muitas correntes vida afora…

  2. hahahahahahhahahaha ORDINÁRIAAAAAAAAA!!!!! 😀 😀 😀

    Mas sabe que um dos exemplos que ele citou foi parecido?
    Alguém pegou a foto de uma cidadã, décadas atrás, e negou-lhe o diploma de professora porque a conduta seria inadequada. Ou da mulher que foi presa aos 17 anos nos EUA (pouco tempo), mudou de Estado, encontrou a Deus (palavras do palestrante), casou-se, teve filhos, cidadã exemplar, etc., e, no Google, alguém achou a foto dela (aquela que se tira ao prender alguém), e, de repente, os filhos começaram a sofrer na escola, a mulher perdeu o emprego, etc.

    Em suma: tu tá na minha mão… hahahahahaahahahahahahahahahahahahaaha 😀

  3. Tanque de eternit?? Hahahahahaha!! Ainda bem que não foi registrado o meu flagra de calcinha (se bem que aquela foto do meu umbigo ainda precisa de um sumiço, hehehehhe!)
    Muito legal a palestra, Fran! Continue aprendendo e passando pra nós!
    Beijos!

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