Estou ficando meio preocupado. Aliás, tomara que a Bia comente esse post dizendo o que pensa do assunto.
Eu sempre gostei de tecnologia – não importa se ela tivesse uso prático ou não. Sim, eu era daqueles que tinha um TK da vida e comprava revistas com programas em BASIC para digitá-los, rodá-los e, ao desligar o computador, perdê-los. Meu maior sonho de criança, tipo, aos 10, 11 anos, era ter um modem para acessar a algum BBS ou ao Projeto Cirandão, da Embratel. Eram comunidades onlines beeeem rudimentares, cuja velocidade de acesso era, salvo a memória falha, 300 bps, ou 1200 bps. Eu sempre fui fascinado por telemática. Mas aquilo tudo parecia um hobby, apenas. Parecia uma sociedade hermética.
Hoje é tudo tão fácil… Minha mãe manda e-mails. Carrego 2 telefones celulares onde vou. Na tela do meu computador aparece o número de quem está me telefonando. Consigo ver a imagem e ouvir a voz, via internet, de alguém da Finlândia. E isso tudo, apesar de maravilhoso, começa a parecer meio banal. Começo a ficar irritado pelo fato de que consigo ser encontrado em todo o canto (não sou daqueles que não atende a telefonemas). Mensagens de texto pipocam o tempo todo. As contas se avolumam. Esse dias vi uma reportagem onde uma pesquisa britânica demonstra que e-mails e SMS reduzem o QI, provocam ansiedade, etc. Acho que estou sofrendo disso. Minha produtividade no trabalho só não caiu ainda porque, bem, não era das mais altas (não por minha competência ou incompetência, bem entendido).
Ainda conheço mais sobre o funcionamento desses gadgets do que a média das pessoas à minha volta. Mas começo a dar sinais de cansaço, de que não sei se quero acompanhar isso tudo pra sempre. Preciso de um hub USB 2.0. Para que? Para maior velocidade. Preciso fazer um upgrade do meu Velox, para 600kbps (é o mesmo preço dos atuais 512). Para que? Para maior velocidade… Comprei 1gb de memória pro Mac Mini. Sim, velocidade. Por que estou com tanta pressa? Porque até meu celular dorme ligado? Há 10 anos atrás eu passava 20 horas na rua, longe de qualquer telefone, e vivia normalmente. Hoje atendo celular até no banheiro (com o devido cuidado para que os sons das flatulências agradáveis não sejam percebidas pelo interlocutor…ehehehe). Até noivo pela internet já fiquei! (ok, não foi bem assim… ou foi?)
Meu medo é ficar como o General Figueiredo, que preferia cavalo a gente. Será que vou preferir um Mac à companhia de amigos? Será que vou preferir um chat de texto à uma boa conversa ao vivo, olhando no olho? Será nunca vou estar verdadeiramente sozinho, sem que o grande irmão das SMS e dos e-mails me alcance?
Sei que tudo isso nos faz mais produtivos, sob outra perspectiva. Mas será que também não nos torna mais escravos? Claro, com prudência isso estaria perfeitamente equacionado. Mas nunca fui prudente. Pra se ter uma idéia, quando comprei meu primeiro Mac, lá pelos idos de 1997, eu acessava o Version Tracker várias vezes ao dia, só para saber se tinha updates nos softwares pra Mac. A minha ansiedade natural encontra um campo vasto de progressão com essa plêiade de novidades tecnológicas. Mas não sei se quero isso pra mim, sempre…
Por outro lado, apertar maçã+F11 e ter à minha frente uma calculadora, relógio, calendário, Post-it, temperatura daqui e e do mundo e poder postar nesse blog, tudo isso sempre vai ser fascinante… quer me mate, quer não.
19/05/2005 em 16:21
Passei a tarde com dor de cabeça mas li toda essa página… que começa lá antes da Páscoa… Acho que vc escreve muito bem… e gostei muito das coisas que li… saber da vida dos outros faz a gente se sentir mais normal =P
Concordo com o que vc diz sobre a tecnologia… mas nao vou comentar já que não entendo do assunto. 😉
[]’s
B.
19/05/2005 em 16:47
“Minha mãe manda e-mails.” Espera só até a sogra perceber…
19/05/2005 em 17:08
É a pós-modernidade, ou, seria, ultramodernidade, mais ainda, a tal da mordernidade líquida… ? Ninguém sabe ao certo, porém, essas tecnologias são adoráveis, veja: quando chegou meu iBook 70% dos meus problemas emocionais sumiram! Alguém que conheci a um tempo disse algo parecido sobre o Mac que comprou…
19/05/2005 em 17:13
É a pós-modernidade, ou, seria, ultramodernidade, mais ainda, a tal da mordernidade líquida… ? Ninguém sabe ao certo, porém, essas tecnologias são adoráveis, veja: quando chegou meu iBook 70% dos meus problemas emocionais sumiram! Alguém que conheci a um tempo disse algo parecido sobre o Mac que comprou…
19/05/2005 em 18:14
Meu jovem, quem sou eu pra te dizer algo… mas acredito que voce esteja finalmente (finalmente por causa das coisas que voce conta) amadurecendo neste aspecto… encare isso como uma coisa boa… deixe fluir e procure o equilibrio como voce mesmo disse… a tecnologia e’ uma otima FERRAMENTA e nada substitui “o delirio da experiencia com coisas reais” , ja’ dizia belchior… 😉
19/05/2005 em 19:16
Muito legal esse post, e sua história parece muito com a minha. Eu procuro me limitar, tentar me afastar do computador de vez em quando, e odeio ficar carregando zilhões de gadgets, pesando no bolso. Mas não resisto a um Mac novo. Ah! Você lia a Micro Sistemas?? Eu escrevi progs em BASIC pra lá!! HAHAHA
19/05/2005 em 20:18
Ah, Xico… Adorava a Microsistemas… Lembro de uma materia de uma nissei que morava no japao, falando de como era bejima – ela tinha um Mac lá… Bons tempos… 🙂
22/05/2005 em 13:08
“Bejima, uma ilha telecomunitaria em Toquio”, era o nome da materia… 😉
22/05/2005 em 14:05
… Micro Sistemas 73, pag 18-20… HAHAHAHA eu AINDA tenho a revista… 🙂 🙂 🙂
22/05/2005 em 20:34
Estou aprendendo a desencanar desse negócio de ficar online o tempo todo. Descobri que, ao contrário do que imaginava, o mundo não sentirá minha falta se eu morrer amanhã. Aliás, o mesmo vale para qualquer ente vivo sobre a face da Terra. Vou postar isso em homenagem a você.