Muita coisa já foi dita sobre o fato de vivermos em uma sociedade que prioriza o espetáculo. E é claro que realmente vivemos. Os nossos políticos não trabalham pensando no bem-estar da população, mas sim fazendo alguma coisa que mostre à tal população que eles estão fazendo alguma coisa. Ou seja: se você for a uma audiência no Poder Judiciário, por mais “juizite” que tenha o juiz, dificilmente se verá uma cena de constrangimento das partes acusadas pelo julgador. Nas CPI’s, o que se vê é chegar para a parte e dizer “O senhor é ladrão”. Enfim, coisa de um país onde algumas apareências é que importam (outras, as das favelas, a da pobreza, a dos meninos de rua, realmente, não importam). A imprensa, por outro lado, alimenta-se do espetáculo, mas, como não sou jornalista, me vem a pergunta do dilema de Tostines: aposta-se no espetáculo porque há demanda, ou há demanda porque promove-se o espetáculo?
Uma das coisas que influenciam isso tudo e, segundo algum psiquiatra ou psicólogo que li, é que há uma tendência maior na sociedade moderna de buscar-se mais e mais emoções, como se a vida não pudesse ser tédio. Ou seja: há que se ter mais prazer, com menores intervalos de tempo entre as emoções. E aí consome-se muito, por exemplo. E isso tudo gera a um materialismo imenso, a um stress, etc. Já um psiquiatra amigo meu me diz que não há com que se preocupar: sempre foi assim, sempre queremos mais, e vamos continuar assim, que isso tudo é resposta do nosso organismo à complexidade da vida, e temos realmente que buscar preencher nossa existência.
Enfim, isso consola? Não seria mais bacana saber que é possível se contentar com vazio, negar a vontade de consumir, de zoar, e apenas contemplar as vaquinhas pastando (lá ele)? Um outro mundo é possível?
02/12/2005 em 16:58
Finalmente uma pergunta justa! A imprensa alimenta os leões com carne humana sangrando porque se jogar um lindo, saudável, educativo e politicamente correto combinado de legumes gratinados, os leões não voltam mais nessa bodega e vão para outro jornal, digo, restaurante. Alguém me diz pq a TVE não tem audiência, se os programas são eucativos, de boa qualidade e bem produzidos?
O dia em que a turba entender que empresa de comunicação não é entidade de assistência social, nem um educandário, e sim uma empresa com sócios, lucros previstos e coisas do tipo, vai ser mais fácil e entender a programação e a tendência de algumas notícias.
Eu poderia discorrer longamente sobre isso, e quer saber de uma coisa? Acho que é isso que vou fazer no meu blog, uma entidade não-governamental sem fins lucrativos.