Domingo esquisito. Enfrentar a ansiedade de minha mãe (que queria quebrar a porta do meu quarto porque eu estava com som alto enquanto tomava banho e não ouvi ela me chamar – a coitada achou que tivesse acontecido alguma coisa – abdução, por exemplo?!?!?), a falta do que fazer, mas ao mesmo tempo ficar feliz porque o céu está azul, de um azul bonito que só vejo em Conquista (tá, eu sei que tenho glaucoma…:P)
Programinha em família, tomar sorvete todo mundo junto, sempre é legal. Tenho mesmo que voltar amanhã à academia, porque ontem fui tomar sorvete também (inclusive com a pessoa que um dia, quem sabe, poderá querer estar comigo), e noto que viciei em sorvete. Se meu vício fosse só esse… Meu vício é esse computador, é a vida descomplicada que eu tenho e que insisto querer complicar, é ser nostálgico quando o futuro parece melhor do que o passado, mas nunca vou acreditar nisso mesmo.
Ontem à noite, porque os programas anteriores falharam, fiquei em casa, vi um desses filmes bonitinhos (“Amor além da vida”? um com Robbin Williams?), e recebi um telefonema do amigo irmão que perdeu seu iBook, seu celular e seu iPod em um assalto no dia anterior. Merda de país, merda de lugar. Sei que usava seus equipamentos de forma tão produtiva, e teve que passar por isso. E ainda atiraram nele, mas, graças a D–s, nada aconteceu.
Vou fazer um podcast. Me aguardem. Assim que tiver o Garage Band 3, que vem com algo pra ajudar na bagaça, vou fazê-lo. Vocês vão ter que me engolir! 😀 Só tenho medo do ECAD. Depois que vi cobrarem direitos autorais por música mecânica de festa de casamento, e depois que vi mandarem conta pra prefeituras por músicas de carnaval, não duvido do que esses camaradas podem fazer. Aliás, será que me acham? Esse blog não tem identificação, e está hospedado nos EUA. Bom, se eles não me acharem, a RIAA, toda poderosa associação das gravadoras me acha. Mas o que eu posso fazer? Não sou músico, não sei compor nada. A única coisa que compus foi meu ringtone, com o Garage Band. E vou ter que colocar música no podcast. Será que é um risco com baixa probabilidade de problemas? Vamos ver… Só sei que o mundo está arriscoso… Mas não me queixo – a música não é minha, não sei se tenho mesmo o direito de ficar colocando nada no ar. Só preferiria que fosse o dono dela, e não um intermediário, porque acho que a pior coisa do mundo é atravessador de algo tão pessoal como a arte. Porque prefiro acreditar que o dono da música vai se sentir feliz porque um anônimo como eu, sem grandes pretenções, apenas devido à falta de algo mais produtivo pra fazer, pode vir a usar seu trabalho para deixar o dele mais bonito, sem ganhar dinheiro com isso. Mas sei lá, cada um tem suas suscetibilidades, e tal…
E me custa acreditar que um artista de techno da Finlândia vai se sentir ultrajado com meu uso da música dele, e vai me parecer muito chutzpah (algo como cara de pau em íidiche) que um burocratazinho cobre algo dizendo-se representante do tal finlandês icógnito. Adoraria fazer um podcast com ela, a moça nasceu pra coisa… Eltão já me enrolou com essa porra…
Por causa dela, olhei o edital do concurso para admissão à carreira diplomática, que fiz em 1999 e perdi por 5 questões. Olhei o conteúdo, e vi as respostas das pessoas. Dissertações sobre as ideologias partidiárias no Brasil Império. Reflexões sobre as motivações e circunstâncias motivadoras da Guerra do Paraguai. E tudo que eu sei é quem são os Goauld, Ori, Asgard, Wraith e outros personagens de Stargate. Acho que embruteci, acho que não melhoro daqui pra frente. Acho que não vou conquistar algo maior pra mim no futuro, a não ser que seja forçado a isso (leia-se: mestrado na Suécia). Preciso ler, preciso… Dani, me arruma uns eBooks legais em formato Mobipocket pra eu colocar no telefone, e ver se assim leio? Tipo coisa cabeça, que é pra eu fingir que não parei na história? Bom, pelo menos ainda me resta um pouco de senso de humor, e um céu azul lindo em Conquista…
Eu falo essas coisas não é por nada. É que meu atual chefe me perguntou o que ando lendo, e eu não soube dizer. Ele, que me conhece desde os tempos de moleque, me conta que uma vez me viu na livraria folheando um livro, querendo saber sobre Marx e a Questão Judaica. Algo aconteceu na minha vida que me fez esquecer a cena (logo eu, que me lembro de tudo). E nem lembro o que Marx tinha a dizer sobre a Questão Judaica. Mas preciso ler…
Preciso ler, amar, e ver o céu mais vezes. Preciso de criatividade. Preciso experimentar, criar, fazer. Sei que já melhorei muito da topeira que não entendia as coisas antes. Continuo não entendendo, mas ao menos sei disso, por isso tudo me parece tão comum, porque não se pode entender nada mesmo. Mas sei o que preciso agora, só não sei como conquistar. Mas como já me disse um pesquisador de xamanismo na Lapônia (estava a pesquisar os xamãs da região, disse-me ele), não adianta muito mesmo se preocupar, porque controle não temos. Mas fico feliz, já é alguma coisa na vida dizer que se encontrou um pesquisador de xamanismo na Lapônia. Foi o cara a quem contei uma piada e que não riu, mas disse que achou engraçada. Merda, eu já deveria saber que nunca devia contar piada…
Por que é que somos criados, ou nos acostumamos, com a idéia de que devemos fazer coisas que façam a diferença? Sim, porque agora o que eu quero é isso: fazer diferença. Quero mudar a vida de alguém, mudando a minha vida. Quero me sentir parte de alguma coisa. Ou então quero me isolar de tudo e não sentir falta do mundo. O meio-termo é que não dá: fazer parte de algo que não faz diferença, ou sentir-me isolado no meio de tanta coisa…
Mas o dia tá lindo, e não consigo ficar melancólico, apesar de tudo isso. Tomei sorvete, comi como um porco, e amanhã vou tentar voltar à academia. Amanhã vai ser segunda-feira, e talvez na segunda ela goste de mim… Ou talvez na segunda eu recceba uma visita do embaixador da Noruega no Brasil dizendo que, porque eu falo norueguês, ele me escolheu para fazer a defesa de uma causa de interesse nacional (da Noruega), e que a retribuição ao meu serviço vai ser um passaporte daquele país… 😀
Aí minha mãe bate na porta porque o som tá alto e ela ficou preocupada, e eu acordo… Merda…
15/01/2006 em 16:34
Vem cá… belo post, num belo domingo (hahahaha), mas… quem disse que vc tá gordo, rapá? Para com isso!
Abraço efusivo!
15/01/2006 em 21:39
hola, que tal!
Vaos por partes. Certa feita, fiz um evento internacional, e na hora de ir no ECAD, declarei que todas as musicas eram de dominio público no país de origem. Claro que não eram, mas vc também acha que um dia os cubanos, argentinos (Ê!) e espanhóis iam receber um centavo de autoria?
Levei a sério o ebook. Estou baixando um manual para converter pdf em mobipocket. Acho melhor, porque os livros que achei são em alemão, uma língua que acho pouco confortável.
Eu topo a história do podcast!!! Só preciso acabar com esta voz de quem chorou o dia inteiro (o que não é exatamente uma mentira).
Eu sei que tenho ceratocone, mas também acho que o céu de VCO é de um azul paulistano (e isso é um elogio).
E belissimo show de digressão, moço! Adorei sua diatribe!
Beijo de longe pra não pegar gripe.
16/01/2006 em 21:26
Oi (ops!), fazendo uma busca no google sobre problemas de conflitos com operadoras de celular, saiu o seu blog. Você poderia indicar qual é o post em que você relata um problema com a OI? Agradeço a atenção.