Cheguei, morto de cansado. Tirei duas fotinhas com o celular, pra lembrar da viagem:
Mesinha da comida… péssima na ida, comível na volta…
Será que era numa nuvem dessas que o cara pensou quando disse “Aquela nuvem que passa, lá em cima sou eu?” Lá ele…
Enfim, atrasos de vôos fizeram que eu conseguisse retornar hoje a VCA.
Mas o ponto alto do dia foi outro. Chegando em Salvador, o senhor que iria me conduzir ao local onde eu deveria protocolar um documento me disse: “Eu já trabalhei para um amigo seu.”
Eu perguntei: “ora, quem?”… Ele disse: “um que você entrevistou quando tinha 9 anos de idade…” Eu disse: “Não, não pode ser..”
Os fatos:
Quando eu tinha 9 anos, havia um político que quase toda a Bahia idolatrava. Chamava-se Waldir Pires – ou melhor, chama-se ainda. E eu queria entrevistá-lo. Sim, naquela época eu estava decidido que seria jornalista um dia. E saí com um primo disposto a entrevistá-lo. Até minha mãe se juntou na empreitada. E entrevistei o futuro governador da Bahia.
Depois disso, reencontrei o Dr. Waldir umas 2 vezes, eu já formado, mas ele nunca demonstrou se lembrar do episódio. Mas o Seu Zezinho, seu fiel motorista à época, lembrou-se. Por 20 anos. Acho que só eu e ele nos lembramos disso.
É engraçado como algo de nós nunca se perde. Aquele garoto com óculos fundo de garrafa, sofrendo com a chuva, o frio e a fome (comemos, depois de horas, apenas um misto-quente), para entrevistar um ídolo (era fim de ditadura militar, e o homem representava a ruptura com o passado da ditadura), apareceu diante do Seu Zezinho, com sua pasta, terno e gravata, como se fossem disfarces. Mas o Seu Zezinho reconheceu aquela criança. E fez da minha semana uma semana mais feliz. Primeiro, porque ser lembrado sempre é bom, e eu queria que aquele esforço fosse eternizado (já que a própria fita cassete deve estar mofada em algum canto). Mas sobretudo porque talvez aquela criança chata, obstinada e teimosa, ainda exista. Apesar dos disfarces que o mundo adulto fez ela usar…
09/02/2006 em 21:54
Já estava puta pq não teria tempo de ir te ver. Depois da merda que foi meu dia, tive certeza de que tinha mais é que ter ido mesmo até o aeroporto…
Beijo, saudade!
10/02/2006 em 06:18
Te entendo… Parece uma situação que aconteceu comigo… Aos 11 anos indo a todas as palestras do Gabeira (tendo lido todos os livros dele). Um dia nem ele entendeu o que uma menina tão pequena fazia lá e veio me perguntar… Foi engraçado. Bjos. Pat