Me lembro da professora de Direito Civil, excelente professora (meio geniosa, é verdade, mas excelente). Os exemplos de suas aulas ficaram na memória tanto quanto o conteúdo de Direito Civil (isso embora, naquelas aulas, tenha eu lido os 3 volumes d’O Senhor dos Anéis…). Mas dizia a professora: “Sonhemos apenas sonhos possíveis.” Ora, isso sempre me pareceu anacrônico – sonhar um sonho possível?
Embora nunca tenha acreditado ou seguido a orientação da mestre (a “mestra” sempre me soou ruim), desconfio que ela estava, de fato, com a razão.
Ora veja lá: um sujeito que, ao mesmo tempo, tem os seguintes planos para sua existência limitada e efêmera sobre essas planícies poderá um dia ficar satisfeito?
– viajar pela Europa de carro;
– mapear a cidade com GPS;
– instalar um macmini no carro;
– manter um podcast;
– fazer mestrado na Suécia;
– passar em um concurso público;
– casar;
– ler muito;
– assistir, semanalmente, pelo menos 5 séries favoritas;
– salvar o mundo e conseguir a paz mundial;
– ser mais sociável;
– praticar uma língua estrangeira;
Ora, desconfio que é impossível fazer tudo. E desconfio que quero tudo…
30/01/2007 em 15:25
“A arte é longa; a vida, breve”. É o verso do Fausto que mais me atormenta. E serve para as suas duas últimas mensagens, que tb não deixam de ser atormentadoras…
30/01/2007 em 23:14
O problema é outro… Há coisas MANIFESTAMENTE incompatíveis! Casar, ver semanalmente cinco séries e ser mais sociável fazem-me lembrar aquela velha charada do lobo, do cordeiro e da couve… 😉
31/01/2007 em 08:24
… e um pouco mais: a certa altura de Ludwig (talvez o mais germânico da Trilogia Germânica), o Cel. Durkheim diz assim para o rei: “quem ama a vida não deve desperdiçá-la com sonhos impossíveis, mas, sim, conduzi-la com parcimônia”. Ludwig mereceu ouvir. Mas creio que o rapaz chamado óculos não seja assim tão lunático… Ah!!! Essa cultura germânica!!!…
31/01/2007 em 12:34
Conduzir a vida com parcimônia?? Quer algo mais sinônimo de parcimônia que a própria vida? Sim, a vida é curta, rápida e passageira – vivê-la com parcimônia, qual o sentido? Bom, em compensação, os germânicos devem saber do que estão falando…
PA: ihh, é verdade… e aí reside meu dilema! 😀
02/02/2007 em 12:45
Depende da mulher, caro Pedro, depende da mulher… Qualquer que seja o felizardo que casar comigo só não assistirá cinco ou mais séries de TV se chocarem com os horários das MINHAS cinco ou mais séries favoritas(resolve-se com um ponto adicional, mas aí não há cumplicidade no assistir). E o mesmo felizardo, se é que existirá, será o mais sociável dos seres, já que a minha vida (vida q pretendo dividir com alguém, em algum momento entre uma boa festa e outra) é quase um carnaval.
E moço, vá em frente nesses sonhos. Eu discordo da parte do mestrado, é muito longe, mas vou fazer minha parte…
beijo!
19/03/2007 em 07:14
Disso tudo, conseguir a Paz no Mundo parece ser mais fácil!