O amigo que, com sua rede de amigos, dava amigos às pessoas.
Aquele que, trabalhador, sabia que isso era virtude, mas que o importante era viver, era ter amigos.
Aquele que sabia rir, e sabia fazer rir.
Aquele que se orgulhava de cultivar a amizade.
Aquele que viu meu primeiro carro.
Aquele que riu da minha primeira batida, se assustou com a segunda, e preveniu as outras.
Aquele que estacionava meu carro no inicio quando eu ia vê-lo, e me ensinou a fazê-lo.
Aquele que me ensinou a fazer um muambá de frango.
Aquele que tinha mil projetos, e executava 1.500.
Aquele que criou o sítio mais gostoso que já vi.
Aquele que, nos momentos difíceis, mesmo sem saber, junto com sua esposa, me ofereceu seu lar, e, com isso, a paz.
Aquele que me convidava para comer as melhores comidas já feitas sob a face da terra, e me oferecia o quarto de visitas para me recuperar da gula.
Aquele que tinha o inconfundível sotaque portugues, mas era angolano de nascimento.
Aquele cuja lanchonete era parte da minha rota diária.
Aquele a quem ajudei a comprar o primeiro celular.
Aquele a quem levei na rodoviária tantas vezes, rindo de como me perturbava dando palpite na minha direção.
Aquele que um dia apostou uma corrida comigo ao subir uma ladeira.
Aquele que comparou minha altura com a da Lídima.
Aquele a quem já perguntaram se era meu pai.
Aquele para quem já fiz comida mexicana.
Aquele que, por alguns natais, me chamou para comer bacalhau como só D. Armanda fazia.
Aquele que me oferecia das novidades da lanchonete.
Aquele que se orgulhava do café cremoso mais gostoso do mundo, segredo de 7 chaves.
Aquele fotógrafo pioneiro de Conquista.
Aquele que me chamou uma vez para o seu aniversário no seu sítio, e acabei indo a todos…
Aquele arquiteto formado pela vida.
Aquele que nunca me deixava sair logo da lanchonete.
Aquele que era querido por todos os seus amigos.
Aquele que vi hoje pela última vez.
Aquele que partilhou comigo de sua amizade, e que com ela me honrou.
Minha eterna saudade, Seu Mário. Descanse em paz. Descansados estamos com o fim do seu sofrimento. Mas com as vidas mais vazias sem sua presença.
09/06/2007 em 21:41
Um homem que sabe fazer uma moamba, tirar café como deve de ser e ainda consegue fazer amigos não devia nunca morrer. Um abraço Francis
11/06/2007 em 22:21
Lindo… como tudo que escreve! E uma homenagem digna e merecedora…B
12/06/2007 em 02:00
Hoje senti um gosto amargo na boca da alma. A ausência de Mário torna os nossos dias mais secos, áridos, tristes, sem a sua presença sempre tão espirituosa.
20/06/2007 em 12:04
Atrasada, mas não podia deixar de marcar minha presença aqui… Ele nem sabia, mas fazia parte da minha vida também… Por amigos em comum, as pessoas também se tornam amigas… ainda que não saibam nem se conheçam exatamente… O que vale mesmo é o respeito e afeto que nascem, pelo simples fato de ouvirmos falar tão bem de alguém. Nosso carinho, seu Mário!