Não sou escritor, e trato a língua portuguesa como um capacho, sujeitando-a às minhas diatribes e falta de erudição. Mas encontro-me com vontade de escrever. Não sei se isso se deve à falta de dinheiro (dizem que inspira), ou à fome (vide dois posts abaixo) ou à chuva que cai lá fora – chuva anunciada durante toda a semana, com seus raios e trovões – mas que, marota, resolveu cair em um sábado à tarde, impedindo que a antena captasse Forrest Gump pelo satélite.
E sobre o que poderia eu escrever? Sobre a loira que vi no Shopping hoje, com seu sorriso e ticket para retirada de uma refeição qualquer? Ou falaria eu daquela vitrine de uma loja do mesmo Shopping, com seus modelos de lingerie que, faça-me o favor, deve assustar as pudicas clientes que por ali transitam (deveriam colocar manequins vivas para demonstrar a beleza daquilo… :D)? Ou falo novamente sobre a moça simpática que serve capuccinos em uma remota lanchonete?
Poderia falar da saudade, mas já não quero evocá-la, porque fazê-lo é ampliar seus efeitos, é incomodá-la a abrir a porta, a sair e ver quem bate, a dizer: “não, obrigado, não tenho interesse nisso hoje”.
Eu poderia falar da cidade, mas não saberia que dizer. Hoje desconheço-a. Parece que não consigo mais me enxergar nesse lugar, lugar onde quase sempre vivi, e onde não reconheço nada, nem a mim mesmo. Um lugar onde havia “o” padeiro, “o” alfaiate, “o” cinema, “o” engenheiro eletrônico (ou mago que fizesse as vezes do radio-técnico). Hoje já não existem padeiros, nem alfaiates, os cinemas são em massa (tá, 3), e qualquer garoto de 10 anos sabe usar o computador. É estranho que tudo esteja tão confuso, tão perdido.
Falando nisso, me pego lendo blogs de garotos de 15, 16 anos, e, puxa, como escrevem bem alguns deles, como surpreende que a tecnologia, que estava fadada a emburrecer a todos nós e piorar nossa linguagem estimulou esses jovens a se expressarem tão bem, ainda que falando de amenidades (e não falamos todos, no fim das contas, de abobrinhas?).
Enfim, melhor não falar ou escrever nada… acho que eu deveria escutar mais hoje, isso sim…
26/04/2008 em 18:52
Era sim 😀 Passava os melhores desenhos da disney!
aheuiahieuahuehauie
E chuvas são sempre assim, aparecem quando não deveriam aparecer. :/ Mas sábados de chuva são produtivos, pelo menos pra mim. 🙂