Título original: Out of Captivity: Surviving 1967 Days in the Colombian Jungle
Autores: Marc Gonsalves, Tom Howes, Keith Stansell, Gary Brozek
Li a versão digital para Kindle, usando o aplicativo da Amazon para o iPad.
A história do seqüestro de Ingrid Betancourt sempre me interessou pelo imenso drama que é viver privado de sua vida rotineira e, de repente, ver-se no meio da selva, preso, por mais de cinco anos.
O livro tem como três de seus autores americanos que, também por mais de cinco anos, foram prisioneiros das FARC, sendo capturados quando o avião em que faziam reconhecimento de área para a inteligência americana caiu na selva colombiana.
Achei o livro bem interessante, embora às vezes um tanto quanto maniqueísta, embora o ghost-writer tenha tentado, obviamente, dar alguns contornos mais condescendentes em algumas das opiniões dos soldados. Vê-se claramente que, embora ali presente o drama vivido pelos americanos, há uma preocupação em marcar uma posição de bom-mocismo diante da adversidade. Não que eu não ache o bom-mocismo seja crível diante da adversidade – mas quando a opinião sobre quase todos os outros sequestrados se torna meio que detratora, fica complicado engolir que os americanos eram os bonzinhos, os éticos, os leais, e os outros não. Mas, enfim, eu não estava lá. Por isso penso, talvez, em comprar o livro escrito pela Clara Rojas, também sequestrada, e, ao que parece, escrito sem uma ghost-writer. Pode ser mais cru de se ler, mas possivelmente será mais autêntico.
Outra grande motivação para a leitura foi o fato de que a opinião dos sequestrados a respeito de Ingrid Betancourt não era das melhoras. Esta era tratada como arrogante, manipuladora e interesseira. Os americanos, durante um bom período, conviveram diariamente com a ex-senadora boliviana. Um dos autores, Keith Stansell, diz, sobre Ingrid, no final do livro: “Perdôo? Sim. Sigo em frente? Sim. Respeito? Não”.
Apesar do tom mais suave dado ao drama pelo ghost-writer, onde as mesquinharias tornam-se protagonista da história, colocando-se em plano menor o drama real da situação. Ou vai ver sou eu que não li direito. Ou vai ver, e é mais provável, que o drama real da situação é ver a dimensão que as pequenas coisas tomam quando se tem sua vida reduzida a uma prisão brutal e injusta, no meio da selva, e ver perdidos cinco anos de vida, roubados por esses criminosos.