Uma coisa é realmente interessante em relação ao Brasil: sempre que imigrantes decidem tentar a vida no nosso País, não é porque estamos em situação fantástica, mas é que, de onde vêm, as coisas estão piores.
Quando os italianos, alemães e japoneses iniciaram a migração, o Brasil não era nenhuma coca-cola. Talvez isso explique o fato de que não há no ranço do brasileiro o preconceito selvagem contra estrangeiros – éramos todos miseráveis. Claro, preconceito existiu quando da imigração, mas não foi algo que deixou marcas no Brasileiro – pelo contrário, dificilmente outro povo tem atitude tão amistosa em relação a imigrantes.
Agora, surpreendeu-me essa notícia: o número de estrangeiros no Brasil está quase que se equiparando ao número de brasileiros no exterior! E, ao que parece, mesmo a quantidade de brasileiros em Portugal parece – alguém me tire a dúvida – menor do que a de Portugueses no Brasil! E olha que continuamos no mesmo terceiro mundo de sempre…
Gosto disso. Ouço muito aqui o quanto as pessoas admiram o Brasil e os brasileiros por serem mais tranquilos quanto à questão da convivência com pessoas de outros países (é que preferimos matar-nos uns aos outros, respondo eu). Mas, como a imigração no Brasil era coisa do passado, sempre me perguntava se seríamos mesquinhos e xenófobos caso estivéssemos em melhor situação. Quero crer que não, muito embora de vez em quando escutamos algo vergonhoso a respeito de exploração de bolivianos em São Paulo.
P.S. – A questão parece ser realmente uma tendência atual – até o jornal norueguês Aftenposten dedicou uma matéria na edição de ontem, falando dos países europeus – espeficiamente Grécia, Itália, Espanha e Portugal – cujos jovens estão decidindo pela imigração: no passado, eram famílias de imigrantes buscando trabalho braçal, e hoje são pessoas altamente qualificadas.