É hora de parar um pouco para fazer um balanço.
Em agosto de 2011, comecei um período sabático quando resolvi aceitar uma vaga à qual havia me candidatado no mestrado de Direito da Tecnologia da Informação e Comunicação da Universidade de Oslo.
Lembro-me como a minha decisão causou surpresa em muitos dos meus amigos. Minha carreira como advogado andava bem. Minha vida em Vitória da Conquista também estava muito legal. Estava cercado de amigos verdadeiros, perto de minha família, e por isso mesmo a decisão pareceu um tanto imprudente.
Mas eu precisava de um desafio maior, ainda mais quando o desafio significava a realização de um sonho: sempre, desde adolescente, quis estudar no exterior, mas nunca havia conseguido. Os programas de intercâmbio eram muito caros à época.
Hoje, olhando pra trás, posso dizer que não me arrependo nem por um átimo. Foi talvez uma das experiências mais marcantes da minha vida. Conheci pessoas maravilhosas, aprendi muito, e percebi que a vida pode ser muito rica quando se está disposto a desbravar além do que está próximo.
Durante esse período, tive aulas com alguns dos expoentes mundiais na área – sendo que alguns deles praticamente foram os pioneiros nesses estudos, viajei, fui a conferências, conheci colegas de vários países, aprendi muito e, mais que isso, vivi muito.
Concluí o mestrado. E agora?
E agora… eu não sei ainda. Mas vamos por partes:
Fui ao Brasil em dezembro. Foi uma experiência agridoce. Foi fantástico ver os amigos e perceber que a amizade sobrevive a distâncias. Também foi bom voltar às origens e perceber o quanto aquilo vai sempre fazer parte de quem eu sou, e que, em qualquer lugar do mundo, vou ser brasileiro, baiano e conquistense – talvez sobretudo conquistense – para o bem e para o mal. Mas digo que foi agridoce porque é um tanto estranho estar em casa como visita. É estranho não fazer mais parte da rotina de tudo. Ajuda a dar uma perspectiva, claro – me lembro da sensação fantástica que tive ao andar ou dirigir e perceber que aquele é meu lugar, e não ser estrangeiro, o que significa, de certo modo, ser livre. Mas também dá uma idéia de viver em um certo limbo – nem pertencer completamente ao lugar de origem, já que era visita, e ser estrangeiro em outro país.
Descobri que nunca mais volto ao Brasil por período tão curto. Quinze dias nunca vão ser suficientes para ver tudo, para estar com todo mundo até cansar, para descansar em casa. Quer dizer, isso se não voltar de vez, porque meu destino ainda é incerto.
Ao voltar pra Noruega, peguei uma gripe “disgramada”, e passei o Natal e o Ano Novo me recuperando. Recebi o resultado da tese, e começo a planejar os próximos meses – ou ficar por aqui, ou voltar pra casa. Embora casa já seja algo que não consigo definir onde é. Adoro Oslo. Não me perguntem porque, não saberia definir com precisão o que é que gosto tanto aqui. Só sei que essa cidade me faz bem, de uma forma que Conquista também fazia.
Mas o mestrado acabou, e com ele uma experiência única, que me marcou muito, e que talvez terá sido apenas um sabático, ou o início de um novo rumo na vida.
Vamos ver o que 2013 trará para todos nós.
Feliz Ano Novo pra nós todos!
20/01/2013 em 21:29
Adorei o post, tive quase as mesmas sensacôes que vc teve e tem tido. Beijos Sam
21/01/2013 em 06:56
Eu não sei se consigo terminar o projeto a tempo da seleção, e as vagas são poucas. 🙁
21/01/2013 em 07:20
Adorei o texto! É bonito demais poder acompanhar todo esse processo, ver como vc é grande e de uma humildade admirável!!! Torço para que fique, para que continue com esse doce! Com ou sem doutorado, vc já abriu esta gaveta!!!!! Te admiro muuuuuuuuito por tudo isso!!! 🙂 Beijo enorme!