Reflexões

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Essa questão toda sobre o referendo me fez pensar novamente sobre essa mania que existe no Brasil de se resolver as coisas por decreto. Reduzir a violência ao problema das armas de fogo é estúpido, principalmente quando se sabe exatamente quais são as causas da violência, e não se vê nada se fazendo para combatê-las.

A pobreza, a miséria, a falta de empregos, etc., isso causa problemas crônicos de violência em qualquer lugar do mundo. Agora o Brasil se dá ao luxo de permitir a criação do crime organizado. Por exemplo: no Brasil, as drogas são proibidas, certo? Pois bem: ao se tirar as drogas da ilegalidade, me parece que o crime organizado perderia um pouco sua razão de ser, não? Ou é impressão minha? Será que podemos nos dar ao luxo de criar exércitos tão grandes de criminosos que SABEMOS não podermos combater? Sim, não podemos!!!! Não se entra nos domínios dos traficantes, não se controlam as fronteiras, etc… Eu sei que se criaria um problema de saúde pública, mas talvez o custo social seja menor do que o que já pagamos hoje: cidades reféns.

Aí tem a história das armas. Será que podemos nos dar ao luxo de acabar com elas, e criar mais um mercado para o contrabando? Veja, eu sei que tem estatísticas enormes para todos os gostos nesse referendo. Eu sei que as armas de fogo não são somente usadas por bandidos. Mas pra mim é certo que o contrabando aumentaria. Veja, eu sou totalmente contra armas. Sou totalmente a favor da proibição do comércio por razões humanitárias, mas contra por razões mercadológicas e sociais. E vou anular meu voto com o tal do referendo, porque sinto que as discussões apaixonadas sobre o assunto são, no fundo, desculpa para se discutir os problemas do Brasil, os problemas mais profundos, que merecem análise decente.

Falta dinheiro no Brasil para tudo, menos para a demagogia. Tudo no Brasil é na base do grito, do falar demais. Vejam as CPI’s, e o que elas se tornaram: palanques televisivos para os ataques histriônicos dos deputados, que usam aquilo como o picadeiro para seus eleitores. E o pior: desrespeitam a Constituição, que garante a dignidade da pessoa humana, a presunção de inocência, etc. Tem deputado que no interrogatório agride ao interrogado. Nem nossos representantes conseguem ser civilizados! No dia que um juiz fizer a mesma coisa com um cliente meu, ele sabe que pode perder até o cargo com uma denúncia ao Tribunal. Mas os coronéis deseducados do Congresso Nacional, que contaram com votos dos seus currais eleitorais, representantes da velha oligarquia, esses não temem a ninguém, e repousam na nobre imunidade parlamentar. É uma merda isso.

Não somos civilizados no trato uns com os outros, seja no trânsito, seja na briga com o vizinho, seja ao interrogar alguém em uma CPI. Somos lentos e fracassados ao punir alguém, já que o poder judiciário, sinto dizer, não funciona como deveria. E querem resolver o problema da violência não com educação, que é o que precisamos, que é com mais e bons juizes, que é com emprego. Essas discussões sobre necessidade de arma ou proibição de drogas são pequenos luxos que sociedades mais pacificadas podem ter. Não a nossa.

Não sou nenhum estudioso sobre o assunto, mas ou paramos de tergiversar e começamos a fazer as mudanças, ou um dia vamos conversar sozinhos.

Autor: francis

the guy who writes here... :D

4 Comments

  1. Concordo com quase tudo que vc disse sobre o “referendo”.
    Na verdade, não há razão de ser desse processo a não ser desviar o foco da questão e gastar dinheiro da Justiça Eleitoral… Ocorre, que não posso concordar com sua opção de anular o voto (embora a respeite). Sempre acreditei, e espero que continue acreditando (ou me iludindo) que nós temos que nos posicionar perante certos processos e participar de forma ativa do resultado destes. Dessa forma, mesmo que o resultado desse referendo (seja para o SIM seja para o NÃO) seja inútil, ainda assim, acho necessário que o cidadão expresse seu posicionamento perante a questão.
    Sei que somos uma gota d’água no oceano, mas, esse oceano não seria o que é sem essas “gotinhas d’água”…
    Mil beijos:)

  2. Eu voto no sim… e tô vendo que o Estado adora passar pros outros as tarefas dele.

  3. A questão do plebiscito é de consciência individual, de fórum íntimo mesmo, uma vez que as causas da violência são muito mais complexas que um simples sim ou não às armas. Votei sim, pela proibição, por que não acredito que armas domésticas possam fazer alguma coisa em defesa de quem as possuem. Enfim, é apenas uma posição minha. Quanto a mudar de templates, sugiro que você dê uma passadinha no Click 21 e veja as opções que o myblog oferece. Acho o mais flexível e criativo sistema de blogs. Dê uma passada lá e julgue você mesmo (www.click21.mypage.com.br). Um abraço, Nivaldo.

  4. Caro Nivaldo!

    Enfim, essa coisa do referendo, pra mim, era uma discussão desnecessária no atual momento.

    Veja, em termos de gerenciadores de blog, estou super satisfeito com o WordPress. Tem uma comunidade enorme de gente desenvolvendo pra ele… 🙂

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