Quando eu tinha por volta de 10 anos de idade, ganhei meu primeiro computador, um TK2000, inspirado no Apple II (mas horrível). O periférico que sempre quis, mas nunca ganhei, foi um modem. Desde aquela época eu era fascinado por comunicação digital, sempre com o propósito de poder me comunicar com gente distante. Talvez esteja aí a explicação do meu gosto por instant messengers. E eu não era exatamente uma criança solitária, mas a idéia de ter contato com outras pessoas em locais distantes sempre me atraiu.
Nunca ganhei o tal modem. Mas o modem significaria apenas isso: contato com gente. Nunca passou pela minha cabeça o quanto o computador iria fazer parte da vida das pessoas como ferramenta de trabalho, de lazer e de comunicação. Computadores, para mim, eram brinquedos onde a gente escrevia programinhas em BASIC. Os serviços online sempre me foram distantes. Depois do TK2000, tive, por breve período (ganhei de um ex-patrão, aos 13 anos) um TRS modelo 100, um dos primeiros computadores portáteis de massa, o que quer que isso queira dizer. Com ele vinha um acoplador acústico que podia ser usado com o telefone para acessar serviços online, como BBS. Consegui acessar uma ou duas vezes.
Depois, quando tive meu Amiga 500, usei um modem emprestado algumas vezes, mas só tive acesso constante em casa a um modem e a serviços online (foi a internet) em 1997, com meu Power Mac 6500. Saudade do bicho… Antes, só nos computadores da faculdade.
Eu sempre quis fazer faculdade na área da informática, mas acabei cursando direito e virando advogado. Porém, causa-me espanto que tenha usado computadores para escrever programas em BASIC e hoje (mais precisamente ontem) tenha, através de computadores, resolvido um caso de um cliente usando coordenadas obtidas através de GPS e que serviram para, via Google Maps, obter fotos de satélite e provavelmente resolvido o problema legal do referido cliente. Parece tão trivial isso, mas advogados não deveriam lidar com leis e alfarrábios? Não deixo de me sentir (e o cliente também assim se sentiu) meio Sherlock Holmes tendo matado uma charada importantíssima dessa forma, e não deixo de me sentir espantado em poder ver fotos e vídeos em um computador, quando, na infância, via apenas um cursor com um prompt “>”, a pedir comandos em BASIC.
Hoje uso o computador para:
– registrar a velocidade de minhas corridas
– ver filmes
– fazer mapas com o uso de coordenadas obtidas por GPS
– sincronizar a agenda dos telefones
– conversar com amigos distantes
– direcionar o sistema de telefonia da minha casa (o que não faço mais porque um raio queimou uma interface Sipura que tenho) para o computador e usá-lo como um PBX
– ouvir música (gente, ouvir música…)
Quase tudo isso exigia um equipamento específico, mas uma máquina só cuida disso tudo!
E meu próximo projeto será colocar um Mac Mini no carro… Será que alguma coisa ainda impressiona?