Falta pouco mais de um mês para que eu tente completar a aventura da minha vida. Não sei quando isso começou. Terá sido quando eu percebi que conseguia correr 30km? Será que algum dia, em meu mais humilde sonho, pensei em ser capaz de ao menos tentar isso?
Sim, porque pode ser que eu não consiga completar a prova. Pode ser. Mas confesso que só o fato de considerar a possibilidade de correr uma maratona já me deixa feliz. Lembro-me que, em uma tentativa em começar a correr, alguns anos atrás, eu mal conseguia correr 5km – era metade corrida e metade caminhada. E eu achava isso tudo tão inatingível…
Ontem, novamente, corri 30km. 30km. Faltam 12km para a maratona. 12,125. E eu vou corrê-los.
O medo ainda é grande: fará frio em Zurique? Será tão difícil assim correr em uma região onde, ontem, a temperatura era de 0 grau? Ontem, em Conquista City, fez perto de 30 graus…
De uma coisa tenho certeza: ainda que eu não consiga terminar a tal prova, sei que serei um vencedor por tentar, já que corro há apenas 1 ano e 1 mês. Mas sei que devo correr até onde o joelho ou a panturrilha deixarem. Sei, também, que minha vida vai ter que mudar para que eu continue a correr. Vou ter que que finalmente fazer musculação. Infelizmente. Consegui me safar disso até aqui. Mas sei que quero correr muito, muito mais. E que, pra isso, vou ter que me cuidar mais.
Mas não tem importância. Correr agora é a minha paixão. Colocar os fones de ouvido. Ouvir uma daquelas músicas que não diríamos a uma pretendente que gostamos, seja o manele romeno, seja o reggaeton latinoamericano, seja o house ou o techno europeu. O que importa são as bpm, ou suor, o vento, o coração bombeando o sangue, a liberdade, e a missão a completar…
Agora só estou nos preparativos: compras para a viagem. A camisa para usar no dia especial – infelizmente não vai ter o nome “BRASIL” escrito – sabe como é, para evitar mal-entendidos por causa da Brasileira que se cortou – o aluguel do carro, a reserva de um hotel, etc.
E, por favor: que o verão chegue mais cedo aos alpes neste ano.
…
A propósito: esse programa WriteRoom, indicado aqui, é realmente fantástico! Hoje o computador rouba muito de nossa criatividade ao escrevermos. São tantos ícones, widgets, símbolos mis… Nada como a aparência de um velho terminal.
Quando é que vou superar minha nostalgia pelos velhos terminais? Pelas conexões a 1200/72 bauds? Aquela espera pela conexão, aquela navegação por menus… O videotexto (minitel)… Engraçado: quando estava na Noruega vivia lendo o Teletexto na TV, só pela nostalgia. O teletexto, para quem não conhece, é como um videotexto de mão-única, acessível pela TV. Lembro-me da alegria que foi conectar um modem no meu velho Amiga 500 e usar um programinha em BASIC para emular um terminal. E esse programa, WriteRoom, emula justamente esse visual! Apagando as luzes da casa, me sinto um hacker, um garoto que, como eu, amava a Apple (e a Commodore) e os Rollingstones… 🙂 Que amava as tardes de sábado com suas rodadas de Test Drive da Accolade, de Rick Dangerous, com os amigos. Época em que nunca imaginei que o futuro seria ainda mais fantástico do que se poderia prever. Onde, em meus remotos sonhos de anos atrás, poderia eu imaginar que poderia enviar fotos pelo computador, escutar músicas que estão nele armazenadas e transmitidas às caixas de som do outro lado da sala? Enfim, pode ser que a tecnologia nos desumanize um pouco. Mas fico feliz de hoje ter acesso a ela. Quando era criança, tudo com o que sonhava era um modem (quando não se chamava faxmodem) para me comunicar com o resto do mundo. Mas ele, o mundo, ficou pequeno. Espero, assim, que exista vida alhures, porque essa aqui já está ficando blasé.
Gente, se não fecharem esse WriteRoom, eu não vou conseguir parar de escrever…
…
Por falar em nostalgia, outra coisa incrível que me recordo hoje, ao escutar “Rythm of the Night”, versão de Gloria Estefan: quando costumávamos gravar músicas tocadas nas rádios. E rezávamos para que os locutores não falassem durante a música… Quantos cassetes gravei? Quantas músicas cortei porque o chato do locutor dizia “De fulano, música tal…”? E, na nossa distante Conquista, era tão bom ouvir cassetes gravados de outras rádios de fora. Lembro-me quando, no trabalho, aos 13 anos, me deram uma fita cassete gravada da antiga Power Station (Power 95), de Nova Iorque. Ouvia aquela fita sem parar, e nela tinha essa Rythm of the Night. Mas ouvir o locutor anunciá-la era mágico.
O que será que há de mágico hoje? Talvez, para mim, seja descobrir o que existe de autêntico, de fora do mainstream, em outros países. Não sei, o Brasil, pra mim, sempre foi a minha casa e, como tal, nunca foi de me prender muito. Por isso, desde um Madredeus português, a um Stomp irlandês, passando por Ted Gärdestad da Suécia, chegando à Romênia, ou à Grécia, sempre me senti em casa ouvindo o que o resto do mundo ouve, talvez para ver que, apesar desses rótulos linguísticos, somos todos um só povo, uma só espécie, com os mesmos sentimentos, fraquezas e dilemas, mas com o mesmo sonho idílico de amar, de viver a vida, e de que ela pode ser bem mais emocionante do que um terno-e-gravata-com-audiências-e-reuniões-e-juridiquês.
Ou isso, o foi só o final de Battlestar Galactica que mexeu muito comigo… 🙂
24/03/2009 em 07:42
vc já pensou em prestar Rio Branco???
25/03/2009 em 11:49
Oi!!!
Como sempre lendo o seu blog e gostando…Hoje na sua sessão nostalgia me senti contemplada, porque fazia o mesmo. Varava as madrgadas com amigas, jogando baralho e pedindo música nas rádios de minha cidade para tentar garvá-las. De madrugada era mais fácil o locutor atender os nossos pedidos.
No mais, sigo na torcida pela sua corrida.