Uma das coisas que tem me impressionado nos últimos dias é o fato de que as pessoas não refletem de forma mais profunda sobre o governo Lula, ou sobre o comportamento do presidente.
Eu devo dizer que detesto a relativização dos direitos humanos, como jå foi feito por Lula em relação a Cuba e em relação ao Irã.
Porém entendo que isso não é salvo conduta para o oportunismo de certas opiniões, como a de Eliane Castanhede na Folha de São Paulo de hoje. Em seu artigo que reclama contra Lula ter recusado apoio à iraniana que vai levar chibatadas, sai-se a Sra. Castenhede com essa:
“Então, entrar na contramão internacional e se meter com o regime Ahmadinejad num acordo que ninguém levou a sério, pode.”
O fato de que o tal acordo é assunto polêmico deveria fazer com que a colunista tivesse ao menos cautela em analisar algo que todo mundo se pergunta hoje: há a necessidade de ampliação do número de atores nas discussões internacionais? O Brasil agiu errado em tentar ser protagonista, ou apenas foi enganado pelas potências?
Enfim, quem responde é o Nelson de Sá, na mesma Folha de hoje:
“A agência russa RIA Novosti noticiou que a União Europeia vai discutir com EUA, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha, o chamado grupo 5+1, “a proposta do Irã de incluir Turquia e Brasil nas negociações sobre seu programa nuclear”. Foi o que anunciou a chanceler da UE, em Bruxelas. O “Moscow Times” acrescenta que “a Rússia quer a presença de Turquia e Brasil”.
E o “WSJ” destacou na home que, segundo o chanceler turco, “o Irã se compromete a parar de enriquecer urânio em grau elevado se as potências concordarem com o acordo de troca de combustível fechado com Turquia e Brasil”.”
E, continua o colunista:
“A “Foreign Policy” postou na home a saída do “principal especialista em Irã” do Departamento de Estado, Jim Limbert. Ele diz que resolveu deixar o cargo diante da “sensação de que não estamos no lugar em que queríamos estar” e de que o governo Obama não escapou da sina de três décadas de ataques retóricos a Teerã, que “não criam uma confiança” mútua.
A “FP” vê a desistência como “ponto de mudança” -e ouve Trita Parsi, do Wilson Center, que prepara livro sobre a relação EUA-Irã e diz que Obama “não mostrou a paciência necessária e deveria ter reagido com mais entusiasmo ao acordo turco-brasileiro”.”
Eliane Castenhêde está se tornando uma monocórdica crítica, abandonando o posto de jornalista para assumir a gerência de claque anti-Lula. Não importa qual o assunto da crítica; qualquer coisa serve como pretexto para reforçá-la.