Hoje esse blog completa 8 anos. Já tivemos dias melhores aqui. Mas continuamos a insistir nisso aqui. Conforme me ensinou um querido professor de história (hoje um amigo) um dia, enquanto caminhávamos para a aula, a grande questão humana está em querer imortalizar-se, e suas obras são sempre no sentido de deixar sua marca, como se, através dela, pudéssemos prolongar nossa curta vida. Eu, que venho me descobrindo como um pessimista (o que não signifca que não acredito em melhoras, note-se), nunca me preocupei tanto em eternizar-me – pelo contrário, acho até que procuro passar desapercebido, torcendo para que ninguém me note, apesar das diatribes – talvez inconscientemente esteja, com esse mal escrito blog, garantir, via usucapião, um pedaço de chão nessa internet (ou um quinhão no ranking do google – você decide).
Muita coisa aconteceu em oito anos, e essa noção de tempo me incomoda. O que são oito anos? Seis macs de lá pra cá, morei em três lugares distintos, viajei, troquei de carro, e continuo no mesmo lugar, embora possivelmente muita coisa tenha mudado. Mas o que terá minha vida significado para as pessoas com quem convivo, e o que será que, nesses oito anos, terei construído a título de memória minha futura – isto é – quais os meus atos, minhas atitudes, minhas diatribes – reverberarão por mais tempo? Digo reverberarão para não dizer “ecoarão” – seria muito “Gladiador” ou “Highlander”. Enfim…
Digo isso pensando, por exemplo, em reféns da FARC, ou reféns de qualquer natureza. Em sentido de história, a experiência de uma Ingrid Betancourt ou dos seus colegas reféns, será algo muito mais perene, não obstante eles estarem privados de sua liberdade. O mesmo podemos dizer de Mandela. Mas e por qual razão às vezes nossa liberdade sabe-nos tão letárgica, tão insuficiente para nos proporcionar alguma perspectiva ou sentido nesse grande conjunto de coisas que somos – ou meros elementos químicos sujeitos a uma física universal, ou criações de um demiurgo?
Bom, esses aniversários dão sempre essa coceira no pensar. Dão sempre esse susto ao nos dar conta de que o tempo é inclemente, e não se sujeita às nossas circunstâncias. Nós, bons e maus, livres e soltos, ruidosos ou pacatos, é que a ele nos sujeitamos, e por ele seremos consumidos. E, pior: raramente percebemos quão rapidamente isso se passa.
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