A notícia mais WTF do dia: em razão da crise que afeta Portugal, o Primeiro-Ministro daquele país sugere que seus professores emigrem para o Brasil, ou para outros países de língua portuguesa.
Não obstante poderia eu aqui refletir sobre as raízes dessa sugestão sob diferentes prismas, do tipo “terá o Brasil ficado atraente demais, ou estará Portugal tão ruim assim?”, ou da espécie “e agora, será que a imigração portuguesa vai continuar a barrar brasileiros? será que nossa imigração vai começar a ser xenófoba?”. Mas não vou por aí, embora seja tentador.
Acho, no entanto, que, a despeito do notável crescimento do Brasil e da distribuição de renda ter aumentado, o que o Brasil fez não foi virar primeiro mundo. Não somos essa “coca-cola” toda não. Continuamos ainda a anos-luz disso. O que o Brasil fez foi, tão-somente, mas de imensa importância, reduzir drasticamente a pobreza e introduzir milhões na cadeia de consumo.
Portanto, embora adoraria que emigrantes fossem ao Brasil, para tornar o nosso país um tanto mais cosmopolita e não tão fechado em si mesmo (muito embora seja um país tão rico e diverso que ser cosmopolita acabou não fazendo tanta falta), acho que, por um dever humanitário, alguém deveria avistar à Sua Excelência quanto ganham os professores no Brasil, principalmente quando o nobre político falou em deficiências no ensino básico em terras brazucas, justamente onde se ganha menos…
P.S. Há algo realmente digno de reflexão aqui: nos piores anos do Brasil, nunca se incentivou a imigração, como forma de promover melhores chances para os cidadãos. Mesmo nos anos da ditadura, o slogan “Ame-o ou deixe-o” era de conotação política, não social. E, pelo contrário, logo que o Brasil ensaiou melhorar, não lembro se no governo de FHC ou no de Lula, houve certa campanha para que os brasileiros retornassem! Acho que isso se deu por conta de que aqui, políticos gostam de fazer cara de paisagem em todos os momentos – a coisa pode estar pegando fogo, mas nenhum político admite a tragédia…