Podridão

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Podre. É isso que a classe política brasileira é.

Vejamos:

  • Aécio Neves é contra o impeachment.
  • Aécio Neves esculachou Renan Calheiros e sua eleição para presidente do Senado.
    Renan impôs derrota ao Governo reprovando o ajuste fiscal, por acreditar ser investigado pelo MP com a ajuda do Governo.
    Aécio exalta Renan.
  • Renan e Eduardo Cunha fazem dobradinha, inclusive propondo redução do número de ministérios.
  • Governo nomeia Henrique Alves para o turismo, figura próxima de Eduardo Cunha.
    Eduardo Cunha aprova, junto com 96% do PSDB, a tal flexibilização das terceirizações.
    Renan, padrinho político do ex- do turismo, avisa que vai barrar as terceirizações.
    Aécio faz o PSDB mudar a posição depois dos protestos nas redes sociais e agora é contra as terceirizações, junto com o PT.
    Eduardo Cunha avisa que vai retaliar Renan e reprovar projeto do Senado que validou incentivos fiscais.
  • Aécio admite que o impeachment é uma possibilidade.

Essas pessoas não têm posições. Usam projetos do interesse da população como arma para punir seus desafetos. Ora, que essa politicagem sempre existiu, é muito claro. Porém, em menos de dois meses, os fatos acima ocorreram e vêm ocorrendo. Os políticos mudam de posições como birutas de aeroporto, em curto espaço de tempo. Tudo diante de um governo atônito que se humilha perante gente como essa em nome de uma governabilidade que já perdeu o sentido: governabilidade para quê? Para que gente como essa imponha matérias que são contrárias ao programa de governo anunciado?

Em meio a tudo isso, protestos “Fora Dilma”. Eu entendo isso. Acho até legítimo pedir a saída da presidente, embora não consigo concordar com tal saída. Mas me preocupa:

  •  a falta de protestos contra Renan, Eduardo Cunha, Aécio (sim, esse que está se saindo um oportunista de marca maior), Bolsonaro, etc. Lembremos que os dois primeiros estão sendo investigados pela Operação Lava Jato;
  • a falta de protestos destes que pedem o Fora Dilma contra a corrupção desses senhores citados, bem como indefinição desses grupos que vão pra rua sobre esse congresso, sobre esses congressistas;
  • a leniência com Renan e Cunha – André Vargas, por contato com doleiro, caiu. Demóstenes Torres também caiu por ligações com Cachoeira. Renan e Cunha estão aí, como paladinos e presidentes das respectivas casas legislativas. Mas a Dilma é a Geni: só ela apanha.
  • esse governo pusilânime que é incapaz de legitimar-se pelo poper popular que o elegeu, preferindo lastrear-se com esse PMDB que está aí, sendo enfrentado a engolir derrotas que ferem direitos dos trabalhadores e da população em geral.
  • a completa falta de civilidade e modo agressivo que impedem qualquer debate razoável sobre política no país. Essas coisas malucas acontecendo, esses congressistas irresponsáveis tratando de temas delicados como se fossem mixaria em seus projetos de poder, e as pessoas em seus monólogos e xingamentos de turba: “petralhas”, “coxinha”, “Fora Dilma”, etc. Viramos uma espécie de Oriente Médio. Pior, país de fundamentalismo político, onde reflexão, razão, argumentação, deram lugar a uma catarse coletiva e cega, um fla-flu.

Sempre acreditei, ainda que ingenuamente ou equivocadamente, ter uma resposta pra tudo. Se me perguntarem o que eu acho que deve ser feito com os impostos, com o câmbio, com a corrupção ou com o final da novela, eu sempre teria uma opinião, ainda que leigo nesses assuntos. Mas me preocupa não ter idéia de como fazer o país respirar, se acalmar, e ser capaz de refletir. Bárbaros viramos todos, quer quando nos matamos nos guetos, quer quando discutimos política. E enquanto isso, Renan, Cunha, Aécio e outros vão dançando essa valsa particular onde ninguém os questiona, e onde todos os permitem dispor dos interesses do país sem que precisem prestar contas.

 

Autor: francis

the guy who writes here... :D

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