Estamos em época de campanha eleitoral, o que sempre me faz lembrar de uma campanha em especial, a de 2004.
Nessa campanha reencontrei Zé Raimundo, a quem conhecia desde criança por causa dos meus tios e o envolvimento deles todos na luta progressista.
Trabalhar na campanha de Zé foi algo tão importante pra mim que posso dizer que foi a partir daquela campanha que eu comecei a verdadeiramente gostar de advogar. Não, até àquele momento eu não gostava tanto assim da profissão. Porém aquela campanha foi especial: o cliente era muito bacana, a equipe publicitária valorizava o trabalho jurídico, e o judiciário à época respondia às demandas com agilidade. A advocacia geralmente é um trabalho lento e de resultados distantes, mas naquela campanha parecia saída de um seriado norteamericano de advogados, tipo Suits. O pulso era alto 24h por dia.
E Zé ganhou de virada, e eu fui convidado a integrar sua equipe de procuradores na sua bem-sucedida administração. Ganhei um dos melhores patrões que já tive, mas além disso, pude ser testemunha de seu zelo com a coisa pública. Em mais de uma ocasião vi o então prefeito tomar decisões difíceis, com prejuízo pessoal, a favor de beneficiar a população, quando seria cômodo optar pela auto-preservação. Sempre que me perguntam sobre Zé, lembro-me que essa característica, a de colocar a coisa pública acima de si próprio, é a que mais se ressaltou durante o período que trabalhamos juntos.
No Brasil esquisito de hoje em dia, ver a eleição de Zé Raimundo para prefeito de Conquista será um alívio no meio dessa barbárie toda.