26/09/2011
por francis
1 Comentário

Maratona de Oslo

Ontem corri a maratona de Oslo, e foi tudo fantástico!

É sempre bom correr onde se tem amigos – não me canso de repetir. E assim foi correr em Oslo.

Bati meu próprio recorde, terminando em 3:10:52. Estou quebrado, mas muito feliz com o resultado.

A organização foi perfeita. Eu apenas acho que deveriam fazer a prova um mês antes – ao terminar, tive que me empacotar, porque tava frio. Bom, pra eles não, né? Mas pra gente, qualquer coisa abaixo de 15 graus é frio… 🙂

13/09/2011
por francis
3 Comentários

Surpresa em Oslo

Alguns meses atrás, eu escrevi aqui sobre o Direito de Esquecer – mais especificamente, sobre o livro de Viktor Mayer-Schönberger. Pois qual não foi a minha surpresa quando o instituto responsável pelo meu mestrado convidou o nobre professor para dar uma palestra para nós hoje! Aliás, algumas celebridades têm vindo a Oslo – segunda passada teve palestra de Noam Chomsky, mas não pude ir.

A palestra do prof. Schönberger foi excelente, e, ao mesmo tempo, preocupante. Imaginem ter todo um passado a nos perseguir em uma rede que nada esquece, como é o caso da internet.

Eu queria ter feito uma pergunta ao professor, mas não tive a chance. A obra dele fala muito sobre a internet que nada esquece. Mas e nós? Explico: vivemos em um mundo em que somos cada vez mais expostos à informação, e somos cada vez mais cobrados por isso. Temos que estar atualizados, por dentro de todos os últimos acontecimentos. O mercado cobra atualização constante, especialização ininterrupta. Será que aí não estaria um problema? Será que essa busca incansável pelo acúmulo de informações não nos transforma em autômatos, em meras máquinas humanas? E nossas potencialidades? E nossos sonhos? E nossa vida?

Sei que isso parece muito romântico, mas tenho pensado um pouco nisso. O mestrado é excelente, mas a veia da legislação européia parece simplesmente não prevê outro mecanismo que não o privado para prover determinados serviços. Será que nós, humanos, somos incapazes de produzir instituições eficientes, e será que a eficiência só existe quando há a perspectiva do lucro?

Ainda sobre o direito de esquecer, penso nas perspectivas religiosas e filosóficas disso. Esquecer, pagar os pegadas, redenção. Será que não temos o direito de esquecer que erramos?

A palestra caminhou um pouco sobre o fato de nossa informação na internet normalmente é acessada fora do contexto em que fora produzida, o que potencialmente pode gerar transtornos. Imagine uma foto de um sério advogado ou ministro, aos 17 anos, fazendo alguma picardia. Mas, e conversava isso com uma colega, será que, no fundo, não precisamos nós aprender a contextualizar, a entender que todos temos nossos momentos, nossa história, e que não se conhece alguém por meio de mera informação?

Enfim, muito a refletir…

Desculpem os pensamentos desconexos. É tarde, e há muito o que pensar…

10/09/2011
por francis
2 Comentários

Um mês longe

Hoje faz um mês que cheguei aqui. As coisas aconteceram rápido demais, sem que me desse conta de quanta coisa pode acontecer em tão pouco tempo. Conheci muita gente, vi que gente boa existe em toda a parte do mundo.

Já acertei muito. Já errei outro tanto. Já senti saudade de casa, mas já me acostumei também à nova rotina. Superada a euforia das primeiras semanas, percebi que subsiste a gentileza das pessoas, o carinho de todo mundo que encontro, mas também a vida real, aquela do trabalho e das responsabilidades, vai mostrando que nem tudo são flores. Há trabalho duro pela frente. E, também, que nem todo mundo é tão bonzinho. Mas, enfim, o importante é olhar sempre o lado bom, que sempre existe em tudo – menos no LP do Wando, cujos dois lados são ruins (ehehe formulei a frase só pra repetir essa piadinha… ).

05/09/2011
por francis
4 Comentários

Triste partida de um amigo

Amigos,
De fato, é extremamente difícil estar longe quando amigos tão próximos estão passando por momentos difíceis em suas vidas. Nos últimos dois dias, só notícias ruins.

Mas queria aproveitar o espaço para chorar pelo falecimento de João Melo Filho. Éramos muito próximos – além de amigos, vizinhos. Tive a sorte de falar com ele na quinta, mas o azar de não mais poder fazê-lo. É grande a dor de não poder estar perto de sua família nem de poder estar perto nos seus últimos momentos.
João era família. Era alguém que me queria bem como a um filho. É curioso como certas amizades são assim. Ele, ateu. Eu, cristão protestante. Ele, contra Lula e Dilma, eu, petista. Poucas vezes conheci alguém tão generoso, tão decente e tão sério em tudo o que fazia.

Quando finalmente decidi viver de forma completamente independente, foi João quem me conseguiu um apartamento. Ele se ofereceu como fiador antes mesmo de eu saber que iria alugar o imóvel. Sua atenção para comigo era algo que me honrava e me inspirava. Era sempre um prazer quando ele interfonava e aparecia para um café, quando colocávamos a prosa em dia.

Sua morte dói pela perda, pela distância, por saber que, com sua ida, um pouco de minha vida como eu a conhecia também se foi. Já era doído estar longe dele, e ainda é pior saber que não vou mais estar com ele, nem saber de suas novidades pelo Skype, nem ajudá-lo com algum problema com o iPad.

Permitam-me estar triste hoje. A vida longe dos amigos nunca é perfeita. A vida sem um amigo é trágica e insossa.

02/09/2011
por francis
0 comentários

E fez-se o sexto dia… e o chamou sexta-feira! :)

Dia bem despretensioso, acabou sendo muito bacana. Fui ao médico pela primeira vez aqui, a fim de conseguir validar minhas receitas brasileiras. Novamente, nunca vi tanta gentileza assim. O médico foi extramemente gentil, e agora tenho todas as receitas e, detalhe: com preços subsidiados, já que estou coberto pela seguridade social daqui.

Fui à festa de aniversário da Universidade de Oslo – foi imensa! Lá comi sushi barato – raridade aqui (não o sushi, mas o preço deste), e encontrei com 4 brasileiros, o que foi muito legal.

Que venha o fim de semana!

31/08/2011
por francis
1 Comentário

Mudando de vida

Uma pergunta que sempre quando converso com alguém “de casa” me é feita: “Sim, mas esse mestrado seu vai servir pra que depois?”.

A resposta para essa pergunta nunca me foi muito importante, porque, afinal de contas, se fosse para orientar minha vida para algum resultado, seria pra casar com a Julianna Margulies… 🙂

Naaaa, falando sério: a experiência que estou vivendo é tão rica que bastaria em si mesma. Imagino que, acabado o mestrado, voltando ao Brasil, ainda que fazendo a mesma coisa de sempre, terei vivido algo fantástico.

Quase tudo aqui superou as minhas expectativas. As pessoas foram incrivelmente generosas. Alguns estudantes da faculdade se ofereceram como voluntários para orientarem e ajudarem os neófitos a conhecerem mais sobre Oslo e sobre a Universidade. E fizeram isso de uma forma tão bacana que todos nos sentimos imensamente bem-vindos.

A minha turma do mestrado é composta de gente fantástica, da Alemanha, Bulgária, Ucrânia, Turquia, Uzbequistão, Eritréia, Uganda, Estados Unidos, Indonésia, Suécia, Noruega, Lituânia, Taiwan… Os professores são muito bacanas, sendo que um deles foi um dos pioneiros, mundialmente falando, a pesquisar a área de Direito da Informática – pasmem – em 1970.

Assistir às aulas, pela primeira vez na vida, me é prazeroso. pois sempre estudei o tema, ainda que sem querer, pois sempre gostei dos conceitos de telecomunicações e de informática.

Enfim, eu não sou a pessoa mais altruísta do mundo. Caralho, nem sei se sou altruísta. Mas sei que muitos amigos meus lamentam um tiquinho o fato de que eu me afastei de uma carreira relativamente (e bota relativamente nisso) encaminhada como advogado, com já bastante experiência acumulada, para tentar algo completamente novo e incerto. Larguei todos os confortos de uma vida cercada por minha família, por amigos e amigas maravilhosos, com uma renda que, se não era nada de enorme, dava pra comer sushi de vez em quando, com meu carrinho lindo, para, agora, fazer minha comida, pegar busão, e estudar feito um louco. A saudade bate de vez em quando, mas não me arrependo nem por um segundo, nem olho para trás. Estou amando isso aqui. E, como diz uma música que sempre gostei desde o tempo da faculdade, “já tive carro e grana, e um montes de convite pra qualquer lugar. Hoje eu só ando a pé, mas eu continuo a andar…”.

Estádio de Bislett

P.S. – Tenho mantido contato com quase todo mundo de uma forma tão fácil que nem parece que viajei. VoIP o tempo todo (até número em Salvador eu tenho), Facetime, Skype, etc… E, no meu celular, é mais barato ligar para um fixo no Brasil do que se aí estivesse… Enfim…

30/08/2011
por francis
1 Comentário

Pagando mico: a máquina de café

Comprei uma caneca da Fundação Estudantil. A bagaça dá direito a “recarga” de café mais barata: você paga o café pequeno, e leva o grande.

Assim, o tonto aqui foi todo pimpão fazer uma recarga, e resolveu usar a máquina de café ao lado, que nunca havia funcionado comigo. Tinha o botão “Café grande”, além do “café pequeno”. Ao lado, tinha um que dizia, simplesmente, “café”, com o desenho de uma jarra. Como minha caneca se parece com uma jarra, apertei o botão e fiquei olhando a paisagem. A máquina não parava de jorrar café. Retirei a caneca, já repleta de café, e a bicha continuava a jorrar café. Saí dali imediatamente, com medo de perceberem o mico.

Passei 2 horas de aula bebendo café. Resultado: saí correndo para o banheiro, a bexiga pronta para explodir. Voltei à cantina, e expliquei o acontecido, e se eu precisava pagar mais. O camarada, com dó, riu e disse que não tinha problema…

De resto, tive hoje minha segunda aula. Gosto tanto das aulas que nem parece ser estudo. Já acompanhava o assunto antes, e tudo parece muito bacana, mesmo. Vamos ver se continua assim! 🙂

28/08/2011
por francis
1 Comentário

Correr em Oslo

Decididamente, eu adoro Oslo. É uma cidade fantástica.

Mas não é uma cidade boa para correr.

A cidade tem excelentes passeios (parece-me que usam asfalto nos passeios, o que diminui o impacto das pisadas), e os motoristas são compreensivos com quem está praticando o esporte. Porém, a cidade não é plana, portanto correr é sempre um desafio.

Pra quem tinha o privilégio de correr em uma avenida plana com 5km de extensão (uma volta completa dava 10km), praticamente toda plana, correr aqui significa mudar o treinamento e se contentar com velocidades menores.

Me recomendaram correr na beira de um lago chamado Søgnsvann. Aí acordei às 6 da manhã de domingo (!), peguei o primeiro metrô e lá fui eu correr no lago. Lá, igualmente, também o percurso era enladeirado. Aí fui procurando rotas alternativas, me perdi no meio de uma floresta (quer dizer, me perdi em termos – estava na rua, só não sabia onde ia parar). Resolvi pegar uma trilha que uma placa indicava iria até a estação do metrô. Só que, por causa das chuvas, estava intransitável – o que pisei em poça de lama foi uma barbaridade…

Voltei para a estrada que passava na floresta e, depois de um tempo enorme, saí na rua de um bairro que eu sabia onde ficava (Kjelsås) mas não consegui também encontrar o caminho de casa. Como ainda tinha uns 18km para correr, fui passando pelas ruas, até que encontrei o bairro de Storo, e aí cheguei fácil ao estádio de Bislett, onde queria terminar meu percurso, correndo na pista de atletismo.

Ocorre que o dito estádio estava fechado, então corri umas 6 vezes em volta dele, e voltei para Grünerløkka.

Primeiro trecho da corrida

 

 

Segundo trecho da corrida

Os meus tempos aqui estão pelo menos 20s/km mais lentos que no Brasil, mas isso se deve mesmo às ladeiras. Espero que o percurso da maratona seja plano, porque se não for…

Também faz falta o açaí depois dos 31km, a reunião com os Pedinhas, enfim, todo o ritual das corridas de fim de semana. Tirando a família, os amigos e o Sushi, o que me faz muita falta é a corrida despreocupada na Av. Olívia Flores-UESB, sozinho ou com os amigos. Juntei-me ao clube de corrida da Faculdade, e conheci muita gente legal, mas, como ocorre em clubes desse tipo, são muitos níveis de praticantes, com objetivos diversos. Na quarta, por exemplo, fomos treinar tiros. Odeio tiros, com todas as minhas forças. O pessoal daqui é muito bom de treinos intervalados. Mas poucos estão treinando para longas distâncias. Não sei ainda como vou fazer no inverno para manter a prática da corrida, e o inverno, ao que parece, está chegando. Os dias já estão ficando mais curtos, a temperatura está caindo, e, nossa, como tem chovido!

Ontem comprei sapatos mais resistentes à chuva, a propósito. Eu sou muito estranho: acho que passo 90% do meu tempo usando tênis, e agora, ao usar um sapato “normal”, pareço que estou pisando em uma tábua. Enfim, coisas de um reclamão como eu… 🙂

De resto, devo dizer que continuo adorando tudo isso aqui. Amanhã terei a primeira aula. Agora é estudar, estudar, e estudar.

26/08/2011
por francis
3 Comentários

Nostalgia

Hoje resolvi me perder completamente na cidade ao correr. A idéia era sair aqui de casa, em Grünerløkka, e chegar até ao Frogner Park, passando pelo estádio de Bislett. Passei por esse último normalmente, mas, de alguma forma, passei pelo palácio do rei. Meio constrangido, fui para a calçada, passando em frente da embaixada dos Estados Unidos, achando que estava indo na direção correta. Corri uns 15 minutos mais, cheguei a um parque, era pequeno, mas não era o que eu queria.

Corri mais uns 10 minutos e… de novo no palácio do rei! Que coisa! Corri em círculo, e não entendi como ninguém veio me tirar dali (cheguei a uns 5 metros de um daqueles guardas que parecem uma estátua). Corri mais um pouco, e cheguei ao parque que eu queria, mas aí já era mais tarde, então peguei o metrô e o bonde para voltar pra casa.

Oslo não é a melhor cidade do mundo para correr. O cenário é sempre lindo, mas as pistas são melhores para a caminhada do que para a corrida.Muitas ladeirinhas, é difícil encontrar algo plano. Queria correr no estádio de Bislett, mas o problema é que só abre as 8 da manhã. Enfim, vou ter que dar um jeito, porque correr é minha droga.

O engraçado é que, quando se está longe de casa, qualquer coisa serve para dar saudade. Eu, apesar de protestante, vou ver se vou à igreja católica, apenas para ter uma lembrança de casa. Ouvir pagode ou música sertaneja no Brasil poderia, se por tempo prolongado (mais de 5 minutos), incitar-me ao suicídio. Aqui, serve para lembrar de coisas tão legais quanto quando pegava carona com um dos amigos de corrida para casa, e ele colocava “Trabalhador”, de Seu Jorge, ou “Voa Beija-flor”, de algum desses sertanejos.

Falando sobre música sertaneja, ao pegar o metrô de volta, coloquei essa música citada para ouvir, e, fato raro, prestei atenção na letra. Tem um verso que achei curioso:

“Voa beija-flor, você não vai mais sugar do meu amor
Vai sentir o amargo de outras bocas lembrando o meu sabor”

Senhor, cheio de misericórdia! “Sentir o amargo de outras bocas lembrando o meu sabor”?!?!?! QUE DOR DE COTOVELO DA PORRA!!!!! Gente, isso é lá coisa que se diga? Pronto, não sei se consigo mais escutar essa porcaria.

Melhor pra mim… heehehehhehe