A minha mãe é a coisa mais preciosa que tenho na vida.
Imagine alguém, na década de 70, ter um filho sem um marido por perto, em uma cidade provinciana, com pais altamente conservadores. Imagine se esse filho fosse portador de problema ocular congênito, e necessitasse de viagens a grandes centros para tratamento, e esse alguém fosse de família pobre, de parcos recursos. Imagine conseguir criar esse filho até a idade adulta, e ainda viver preocupada se o tal filho se alimenta bem, se está bem, etc. Bem, essa é a minha mãe.
Como provavelmente todas as mães, ela me constrange às vezes – vive falando da minha vida particular a toda a família (e por vezes a estranhos), bem como de suas impressões sobre o estado do filho – “estou achando ele mais magro, mais gordo, mais triste, mais feliz, acho que está namorando, etc.”. Ela, como já disse aqui antes, até das minhas cuecas fala. Mas é a melhor das mães, e às vezes penso que não existe nada, por mais difícil ou complicado, que não faria por mim. E espero fazer o mesmo por ela. Deram o endereço do blog pra ela, e até aqui ela tem bisbilhotado a minha vida. Fazer o que? Mãe é quase um detetive particular trabalhando em causa própria. Enquanto não souber 100% do que acontece com o filho, é capaz de surtar.
Nunca houve algo difícil para ela. Sempre que precisou, foi atrás. Aprendeu a mexer nos tais computadores (embora, quando eu estou por perto, convenientemente esquece como fazer as coisas, ou pra me fazer perder a paciência, ou para ter mais minha atenção), quer aprender a dirigir, já usa msn e passa mensagens pelo celular – até fotos tira com ele!
E agora a minha mãe resolveu aprender a cozinhar. Está indo muito bem. Ainda no estilo tentativa e erro, tem tornado o horário do almoço sempre uma diversão – “o que será que ela aprontou hoje?” – “aprontar”, aqui, está nas suas várias acepções. E vive perguntando a todos nós o que achamos do prato do dia, chamado por ela de “carro chefe”.
Sempre tem algumas situações engraçadas pelas quais já passei com ela, ou suas tiradas impagáveis. E a última não foi exceção. A Prima veio morar aqui em Conquista, e almoça conosco. E resolveu fazer dieta, ou melhor, começou a fazê-la por recomendação médica (outro sobrinho a caminho). E deixou as instruções da dieta, com suas receitas, pairando na cozinha.
A mãe, que além de curiosa é solícita, pegou as receitas e resolveu ajudar a Prima. E um belo dia, no café da manhã, enquanto a Prima aguardava o desjejum, ouviu a minha mãe querida dizer: “Puxa, mas que tanto de sopa!! A essa hora da manhã…”. E minha Prima: “Oxe! Que sopa????”. E foi à cozinha ver o que se passava. Pois estava minha mãe a iniciar o preparo de 3, TRÊS, sopas para o café da manhã. É que em uma das receitas tinha “1 colher de sopa de abóbora, 1 colher de sopa de arroz, 1 colher de sopa de…”. Perceberam, né? Minha mãe é meio afobada, já sei a quem puxei… 🙂
14/08/2009 em 07:41
Nóóóóóóóóó!!!! que declaração de amor mais linda!!!
Quando ela ler (se já não o fez), vai se emocionar!
14/08/2009 em 19:05
Sua mãe é o que há, e tem feito os meus dias mais felizes e divertidos! 🙂