Eu não quero aqui discutir o mérito da questão da exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista (para os d’além-mar, essa foi uma discussão forte no Brasil nos últimos anos, que culminou com a decisão da inexigibilidade da graduação para o exercício da nobre profissão).
A questão é que o jornalismo graduado conhece (ou deveria conhecer) algumas normas básicas e deontológicas referentes à sua profissão. O leigo, não. E como ninguém pode alegar desconhecimento da lei para não cumprí-la, os que se aventuram no mar de oportunidades que a internet proporciona para fruição do legítimo direito de liberdade de expressão acabam por, às vezes inadvertidamente, praticar deslizes éticos e legais. Refiro-me, principalmente, à publicação do conteúdo alheio.
Em Vitória da Conquista temos, como em todo lugar, muitos blogs. Exceto alguns poucos que, por sinal, são geridos por jornalistas de carreira, a grande maioria vive de reproduzir conteúdo alheio, muitas vezes sequer sem citar a fonte. Há blogs, inclusive, cujo conteúdo quase exclusivo é composto de vídeos jornalísticos da emissora de TV local.
Alguns agem de completa boa-fé: um amigo-irmão meu, por exemplo, dia desses me perguntou: “ué, mas se você publicou, não se tornou público?”. A confusão é comum: público x de domínio público. Ao redigir um texto, o autor é o seu dono. Publicá-lo não lhe retira a condição de propriedade do direito autoral. A reprodução por terceiros é, assim, violação indiscutível do direito autoral, o que sujeita o infrator às sanções criminais e civis.
O que é pior, ainda, e intolerável, é a reprodução feita ipsis literis sem que sequer a fonte seja citada. Temos, assim, numerosos blogs, mas poucos, de fato, produzem conteúdo.
Infelizmente nenhum grupo econômico em Conquista atentou para o fato de que há uma verdadeira carência de um site de notícias com informações locais. Há boas idéias e boas intenções que, talvez por falta de financiamento, não cumprem a tarefa. E, assim, com a morte dos jornais de papel, qual será o veículo que informará a sociedade? Blogs reprodutores de notícias esparsas? Blogs tão contaminados por interesses partidários que, se espremer, sai voto? Blogs com gente inteligente, mas sem anunciantes, o que impossibilita a oferta de trabalho digno a nossos jornalistas?