A eleição da UESB, e o cúmulo da hipocrisia

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Os neo-democratas, ou melhor, democratas conforme a ocasião, estão soltos. Quanta hipocrisia…

Refiro-me ao resultado das eleições da UESB. Quando o Prof. Abel Rebouças foi nomeado, apesar de não ter sido o mais votado, onde estava a verve democrática desse povo?

É por isso que, cada vez mais, detesto a politicagem brasileira.

Detesto os argumentos tolos que dizem que o Governador deve nomear A, B ou C. Tolos, porque a LEI dá a prerrogativa ao Chefe do Executivo de nomear alguém DENTRE OS MAIS VOTADOS. A lei, com isso, determina que a sociedade, através do seu representante eleito, é quem tem a palavra final a respeito de quem deve assumir a direção de uma autarquia de tamanha importância.

Além disso, o voto paritário distorce qualquer idéia de legitimidade. O candidato mais votado (ao qual tenho grande simpatia) não foi o preferido por professores e alunos. Assim, sua vantagem perante aos funcionários lhe daria legitimidade? Veja que falo isso por falar, porque legítimo é o escolhido pelo Governador dentre os mais votados, e fim de papo.

Esse discurso hipócrita de hoje é um desserviço à democracia. É uma falta de respeito com um representante do povo, eleito por ele, a quem cabe a prerrogativa INDELEGÁVEL de nomear o Reitor da UESB. É de um oportunismo sem limites tentar misturar as coisas, como se a nomeação da segunda colocada fosse alguma teratologia ditatorial.

Eu, se fosse o Governador, nomearia a candidata ligada a si. O ônus e bônus da atuação da candidata serão do Governador. Ou se o Reitor mais votado for nomeado e fizer uma gestão ruim alguém tem dúvida de que os oportunistas de plantão irão culpar o Governador pela nomeação?

Está na hora de civilizar o debate político, sem esse teatrinho bobo, destinado apenas a garantir os interesses de grupos políticos sob o manto de ideais nobres, como legitimidade, escolha democrática, mas que são apenas palavras, dirigidas com o propósito de sustentar, de forma hipócrita, interesses particulares.

Autor: francis

the guy who writes here... :D

14 Comments

  1. Prezado Amigo,
    De saída, deixo registrada minha satisfação ao ler este excelente artigo…
    Em verdade, não me parece que a discussão se limite à questão legal, já que ela (a lei) pode ser interpretada conforme melhor interesse de quem a utiliza, as leis são do tamanho de seus intérpretes. Isto significa, portanto, que uma legislação que encerra uma “regra aberta” é de fácil manipulação: ora usada para justificar um comportamento, ora para combatê-lo. É este o problema do atual sistema de nomeação do Reitor.
    Assim, me parece adequado analisar a questão de um plano mais amplo: a reitoria de uma instituição pública liga-se, umbilicalmente, ao exercício da administração pública estadual, conforme você mesmo ressaltou.
    Ora, deste ponto de vista, estaria justificado, inclusive, uma livre nomeação.
    Estabelecida esta premissa, poderíamos adotar um modelo próximo àquele de democracia negativa.
    Enfim, acredito ser esta uma discussão que nunca terá solução e, portanto, qualquer debate que se encerre sobre ele será casuístico, situacional, falso e infrutífero.
    Abs e, mais uma vez, parabéns pelo belíssimo artigo.

  2. Meu caro,

    Fico honrado com seu comentário. E concordo plenamente com a sua análise: acho que a análise casuísta da questão é que é imprópria. A análise deve ser, como você diz, ampla: há algum problema com o atual sistema? Que este seja, então, modificado. O que não se pode é que, a cada eleição, cada um escolha na prateleira o perfume da nomeação mais conveniente.

    Para ser sincero, eu gosto da atual forma. Permite uma consulta plebiscitaria, com a autonomia da instituição para indicar os candidatos, com um voto paritário, e, após isso, uma nomeação feita pelo Chefe do Executivo, representando o controle da sociedade.

  3. Sou muito mais simpático ao voto universal do que ao paritário, mas entendo que o respeito à democracia não pode passar ao largo das regras pré-estabelecidas.
    É demagogo o discurso de que a vitória do prof. Paulo Roberto foi ilegítima porque a candidata Ana Angélica teve mais votos entre os professores e alunos, tendo perdido apenas entre os funcionários, sendo que alguns deles são “contratados”.
    Demagogo porque aludida candidata endossou o voto paritário e quando assim o fez tinha pleno conhecimento de quais seriam os eleitores da instituição que ela pretende governar, bem como sabia de todas as implicações do processo eleitoral; demagogo porque tais funcionários já existiam na gestão do ex-reitor, prof. Waldenor Pereira, que hoje a apoia, não tendo sido, portanto, uma “invenção” do atual reitor para fins eleitorais.
    Se a professora Ana Angélica tiver ética, ainda que seja a escolhida pelo Governador do Estado, terá de vir a público para reconhecer que a sua derrota foi legítima, tal qual será legítima a sua escolha (ou mesmo à do Prof. Itamar, terceiro colocado nas eleições) para assunção ao cargo de reitor(a) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,isto porque a lista tríplice também faz parte da “regra do jogo” e, apenas por isso, é que a ilustre docente do campus de Jequié, poderia assumir a reitoria da UESB, e não por conta do oportunista discurso do voto universal.
    Defender a assunção ao cargo de reitor da UESB pela candidata Ana Angélica apenas porque ela teve mais votos do que o candidato Paulo Roberto, desprezando o voto paritário defendido por ela e por seus pares, é uma atitude vil, repugnante, e que fere de morte o bom senso que se espera de quem defende o Estado Democrático de Direito, eis que quem viola as regras pré-estabelecidas não pode se arvorar da bandeira da ética, mesmo porque, quem assim o faz, é capaz de violar o próprio Direito.

  4. Meu caro,

    Concordo em 100% com seu texto. Ou seja: não se pode, agora, questionar a forma de escolha. A questão do voto universal ou paritário deve ser tratada em outro momento, e não com casuísmo.

    Mas já que você tocou no assunto, eu, a priori, sou a favor do voto paritário. Dr. Ruy Medeiros, cuja opinião, pra mim, é quase um dogma, visto o respeito que tenho por ele, defende o voto universal porque entende que a universidade é, no fim das contas, para o aluno. Eu discordo, com a devida reverência. Alunos ficam na universidade por 4, 5 anos. Constroem, sim, a universidade. Mas são professores e funcionários que têm um compromisso de vida com a instituição. Lá exercem pesquisa e extensão. Portanto, acho que o voto paritário faz sentido nesse contexto.

  5. Caro Tairone

    Não sei se vc faz parte da cominidade da UESB o que acho que não, pq se fizesse saberia que a máquina se encontra, a 8 anos, nas mãos do “Feitor” Abel. Dizer que a candidata Ana Angélica defende o voto paritário é tipico de quem não vive nos meios desta instituição. A professora sempre foi contra o voto paritário, inclusive votando contra essa prática em reuniões do CONSU. Infelizmente, a configuração do conselho universitário é muito mais favorável à situação do “Feitor” Abel, pois é composta por diretores dos departamentos (maioria de Conquista), Pró-Reitores (todos de livre nomeação do “Feitor”), dos representantes Técnico-Administrativos (todos com cargos de livre nomeação do “Feitor”), representantes docentes e discentes. Ora, se nesta configuração o “Feitor” Abel não conseguisse aprovar as coisas que são de seu interesse, não sei mais quem conseguiria. Ele manipulou e vem manipulando as regras na UESB ao seu bel prazer com o intuito de se perpetuar no poder. Dizer que foi legítima a vitória do Profº Paulo Roberto e ainda querer falar em ética e democracia soa no mínimo estranho, para não dizer enfadonho da sua parte. É legítimo quando diz que desde o exercício do Profº Waldenor existem livres nomeados nesta instituição. Sempre existiu e sempre vai existir. Mas, o fato da UESB ser a única universidade do Brasil a adotar essa categoria como votante no processo eleitoral, ja mostra o quão sujo é o jogo dessa administração que ai se encontra. Não culpo os livre nomeados, muitas vezes pais de família, pessoas simples que precisam de um emprego para sua sobrevivência e dos seus (e muitos aproveitadores também, é claro). Mas utilizar essas pessoas, ameaçando-as de demissão para conseguir vantagens pessoais não é nem ético e muito menos democrático. A professora Ana Angélica foi sim, de fato e de direito, eleita pela maioria dos votos daqueles que realmente fazem parte da comunidade uesbiana. Porque, só utilizando das artimanhas lideradas pelo “Feitor” Abel é que o Profº Paulo Roberto logrou essa pequena diferença nos votos paritários. Isso só mostra que ele é, usando o jargão mais popular, farinha do mesmo saco.

  6. De início, esclareço que faço parte da comunidade universitária da UESB há muito tempo… Primeiro, como ex-aluno do curso de Agronomia; segundo, como ex-aluno do curso de Direito; terceiro, como aluno do curso de pós graduação em Ciências Criminais.
    Uma mentira repetida só vira verdade na cabeça daqueles que acreditam em suas próprias inverdades…
    Digo e repito: os funcionários livres nomeados sempre existiram e votaram em eleições anteriores da UESB, infelizmente… De fato, eles desequilibram o pleito!
    Infelizmente, também o fazem em outras universidades públicas, essa é a mais pura verdade …
    Infelizmente, essa é a regra do jogo…
    FELIZMENTE, as regras têm de ser respeitadas, eis que vivemos numa democracia e, portanto, elas não podem ser mudadas no decorrer da partida ou ao final dela.
    Felizmente, me é possível falar em ética e em democracia sem atacar ninguém, como o fiz anteriormente…
    Infelizmente, prefiro acreditar que fui mal interpretado…
    Digo e repito: foi legítima a vitória do Prof. Paulo Roberto!
    Digo e repito: qualquer dos 3 candidatos, se nomeados pelo Governador do Estado, serão legítimos reitores, eis que, como dito, a lista tríplice também faz parte da regra do jogo…
    Digo e repito: a nobre candidata Ana Angélica endossou o voto paritário, não tendo tido, inclusive, coragem de se insurgir contra ele quando questionada nos debates ocorridos entre os candidatos (vide audio postado no blog de Paulo Nunes), e quando assim o fez, tinha pleno conhecimento de quais seriam os eleitores da instituição que ela pretende governar, bem como sabia de todas as implicações do processo eleitoral.
    Digo e repito: a candidata Ana Angélica, ainda que em seu íntimo seja contra o voto paritário não pode agora, passadas as eleições, questioná-lo, eis que sabia ele, e não o universal, fazia parte da regra do jogo…
    Digo e repito: acredito, sinceramente, que se o resultado tivesse sido inverso, ou seja, se o Prof. Paulo tivesse vencido no ilegítimo voto universal (eis que este não faz parte da regra do jogo) e perdido no paritário, o legítimo, muitos daqueles que hoje defendem a nomeação da candidata Ana Angélica, continuariam a fazê-lo alegando que a vitória daquele não faz parte da regra do jogo, um ato triste, digno de dó!!!
    Digo e repito: espero que o futuro reitor, seja ele quem for, tenha a hombridade de se colocar acima de politicagens, acima de atitudes vis, e faça pela UESB uma administração pautada na ética, pois é isso o que se espera de quem defende uma educação pública e de qualidade.
    Assim digo, assim repito, porque acredito em sonhos…
    E como dizia um velho slogan de um ex-reitor da minha querida universidade… “Sonhos, acredite neles”…
    Felizmente, eu ainda acredito…

  7. WAGNER TRAIDOR, WAGNER COVARDE, WAGNER VENDDIDO.
    Ao ESCOLHER o Paulo Roberto para reitor, o governador se afasta de vez de sua base eleitoral do sudoeste da Bahia e MAIS UMA VEZ se aproxima da clássica direita regional.
    Não é a toa que o escolhido por WAGNER para vice, o clássico carlista OTTO ALENCAR, foi o mesmo que assinou a nomeação de Abel em 2002, quando ele perdeu as eleiçõs da UESB e mesmo assim foi nomeado.
    Paulo Roberto (e seu grupo) está, na UESB, com UMA TELEVISÃO (TV UESB) e uma rádio (UESB FM) na mão para fazer campanha para Geddel, tudo dado por Wagner, com uma única assintura.
    A mesma com que perdeu TODOS os voTos de seus classicos eleitores. Uma vergonha.

  8. Vale a pena discutir e explicar algumas coisas:
    – o Consu que aprovou o regime e a data da eleição foi manipulado, com dia e hora antecipados, de forma que, quando a comunidade universitária chegou para a reunião a votação já havia acontecido apenas com os que eram ligados à reitoria (inclusive o prof. ITAMAR chegou a entrar na justiça, tamanha foi a manipulação de Abel sobre o processo eleitoral)
    – houve, desde janeiro, inúmeras nomeações de pessoas de fora da UESB como livre nomeados, garantindo um número maior de apadrinhados de Abel na votação (mais de 50 livre-nomeados)
    – os ônibus e veículos oficiais da UESB foram utilizados para transporte exclusivo de eleitores de Paulo Roberto para os debates, numa verdadeira orgia de cerveja, transportando hordas de bárbaros compradoss a bebida e churrasquinho (todos viram quando estes ônibus chegavam o estado etílico dos transportados… todos de Abel/Paulo)
    – no dia da votação Abel permaneceu ao lado da urna dos funcionários, exercendo pressão e intimidação sobre todos,
    – veículos oficiais foram usados para buscar eleitores em casa, no dia da votação;
    – O reitor ABEL foi nomeado por OTTO ALENCAR (então vice de César Borges) em 2002 tendo perdido a eleição. O mesmo vice será agora o de WAGNER (é mole?!?!)

    Caberia esperar que a AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA que o governo Wagner DETONOU fosse analisada de perto, por aqueles que vivem o drama diário de uma UNIVERSIDADE RENDIDA À DIREITA e não de longe e do alto, por estes que, tendo bebido da fonte do PODER, traNsformam tudo em manipulação.
    O que sabem estes deputados e políticos citados sobre o dia-a-dia terrível da vida sob a tirania?
    Eles, como o governador, SÓ SABEM NEGOCIAR.
    E no MERCADO POLÍTICO perdemos nós, alunos e professores comprometidos ccom a UESB.

  9. Eu sei que c sabe… hehehehehe

  10. ai, ai.
    e agora o vice de wagner será o candidato a vice com geddel.
    e o candidato a vice de wagenr foi o vice de césar borges.
    estão todos no mesmo saco de farinha???

  11. Como diz um amigo meu… êiiiiitcha!!!
    Como diz aquel’outro: viiiiixe…
    Bem, me contem… eu não sei o que é isso…

  12. Meu Querido Amigo Francis.

    Sou do tipo que abomido qualquer tipo de “patrulhamento”, seja político, ideológico, sexual, religioso, profissional, intelectual ou coisa que o valha. Creio que as posições e posturas adotadas por outrem tem de, mesmo sem concordância de quem a aprecia, ser respeitadas.
    Contudo, pela amizade que temos, eu seria omisso se não me manifestasse quanto a perplexidade que fiquei quando li o seu texto sobre as eleições na UESB.
    O mesmo traz informações equivocadas sobre os pleitos anteriores da instituição e, pior ainda, vem com uma carga “partidarista” e uma vertente ditatorialista que sobrepõe, como nunca visto antes, a sobriedade do seu sempre ponderado, comedido e racionalista estilo de escrever aos seus leitores. O que houve? Talvez seja por isso que Jaques Wagner não tenha seguido a sua linha de raciocínio.
    Por isso fico feliz que o Governador do Estado, ao contrário do que queria muitos dos seus pares em Conquista e Jequié, tenha utilizado do BOM SENSO, nomeando o vencedor das eleições para reitor da UESB, Prof. Paulo Roberto. Foi uma uma verdadeira lição aos que pensavam que a esquerda do vale-tudo (leia-se governo do estado) teria de romper com toda a força que lhe foi conferida pelo voto popular, com todos os princípios que regem a ética democrática no país e em especial no estado da Bahia.
    Se deram muito mal! Aqui (no estado) ganhou um governador considerado “esquerdista”, mas que provou (como eu disse numa postagem em meu blog) cortando na própria carne, que sabe respeitar a decisão de uma maioria.
    Claro que para os “xavistinhas de plantão” ficou uma tremenda frustração. Para estes a reitoria da UESB teria de ser tomada na força e no grito, mas a lição foi dada. Espero que aprendam com o nosso Governador (com G maiúsculo mesmo), pois a ditadura jamais irá retornar ao Brasil!

    Com a admiração de sempre um cordial abraço do amigo,

    Esaú

    PS. Descupe-me pelos possiveis erros ortográficos. Desta vez foi a pressa mesmo! Da proxima vez me esmerarei mais.

  13. Meu caro,

    Sempre bom te ouvir. Não concordaremos dessa vez. Faltou, sobretudo, você apontar quais foram as informações equivocadas sobre os pleitos anteriores que eu teria cometido no artigo. Ficarei feliz em corrigí-los.

    Um abração!

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