Enfim, sucumbi ao Kindle.
Eu sou um consumidor voraz da Apple, e a pergunta natural é: preferiu o Kindle ao iPad?
Bom, embora análises sobre o iPad e o Kindle como leitores de livros digitais existam aos montes na internet, deixa eu dar aqui o meu pitaco:
O Kindle e o iPad não são competidores – ou melhor: os dois aparelhos, em si, não competem um com o outro. Eu penso no iPad mais como um substituto do netbook, como disse Jobs. A leitura de livros digitais é apenas uma das funções do aparelho. Assim como processamento de textos, planilhas eletrônicas, retoques de fotos, etc., serem usos/tarefas que o iPad dá conta, claro que são melhor realizadas em um computador. Assim como é possível ler livros no iPad, em algumas situações, ler no Kindle é muito melhor.
Explico: o que eu gosto no Kindle são quatro coisas específicas:
– o Kindle é leve. MUITO leve. Eu não me incomodo com o peso do iPad para ler (embora muita gente se incomoda com seu peso), mas segurar o Kindle para ler é mais confortável.
– a tela do Kindle não tem reflexos, ou, pelo menos, esses não são tão fortes quanto os do iPad. Ler no iPad em sala com muita iluminação, ou próximo a uma janela, é um exercício de buscar o melhor ângulo. Com o Kindle, o problema não é tão grande.
– a bateria do Kindle dura uma eternidade, enquanto que o iPad nem sempre aguenta um dia de leitura.
– no Kindle posso usar um dicionário bilingue, o que não posso fazer no iPad, nem mesmo no aplicativo do Kindle para esse tablet. Para quem lê muito em inglês, é muito bacana poder descobrir o significado de alguma palavrinha marota que o autor usou.
O Kindle parece papel. Tanto assim que, ao recebê-lo, pensei que o que tava na tela era algum adesivo.
Mas o iPad tem seu lugar como leitor de eBooks. O que prefiro no iPad:
– as fontes do iPad são muito melhores, bem mais rebuscadas.
– ler à noite no iPad, pra mim, é melhor – não preciso ligar a luz, posso reduzir o brilho da tela, etc.
– o acesso à internet pelo iPad é mais confortável, e é possível fazer alguma pesquisa durante a leitura – o que também é possível pelo Kindle – só não é tão prático.
– eventuais ilustrações nos livros são fiéis, e não são reduzidas aos tons de cinza do Kindle.
– jornais e revistas são mostrados de forma muito mais legal no iPad.
O modelo que peguei é o menorzinho. Optei pela versão com 3G, só por precaução: o 3G faz falta no meu iPad, o que não seria necessário se a Apple fosse decente com seus usuários e permitisse o compartilhamento do 3G do iPhone pelo WiFi. Hoje em dia, o cidadão precisa pagar uns 3 planos de dados para seus gadgets funcionarem, caso opte pelo ecossistema da Apple, e isso é um absurdo. Parece que essa situação maluca vai mudar em breve, já que a Apple deverá implementar a função de hotspot no iPhone na próxima atualização do sistema, embora provavelmente ficará a cargo da operadora permitir ou não tal serviço. Aposto uma visita ao estábulo da cidade como a Oi não vai permitir, até porque não habilita o tethering via cabo/bluetooth para seus usuários, senão em planos BEM mais caros. A Amazon foi muito mais legal com seus usuários, dando o 3G de lambuja, sem necessidade de planos junto à operadora, a fim de que a experiência do usuário seja a mais agradável possível.
Ainda não comprei livros diretamente pelo aparelho da Amazon, porque já tinha livros comprados via site, e que já li ou ia ler através do iPad. Os livros foram baixados normalmente no aparelhinho.
Portanto, se você é um leitor voraz, e gostaria de ler ao ar livre, de dia, e não gostaria de recarregar o aparelho o tempo todo, o Kindle é seu amigo.
Mas se você quer ler revistas, jornais, quer ler mais à noite, e quer alternar toda hora entre livros e internet, o iPad ainda é imbatível no que se refere à interface. É a minha opinião.
P.S. – O Kindle permite, sim, a leitura de jornais e revistas. Mas esse tipo de conteúdo sempre tem muitas fotos, recursos multimidia, etc., e eu não gosto da interface do Kindle para esse tipo de conteúdo. Questão de gosto.