(post dedicado à minha amiga Bia Kunze, que sempre tenho como não só como destinatária principal, mas sobretudo como inspiração, quando falo de qualquer coisa relacionada à mobilidade)
Bom, como quem acompanha o blog sabe, estou agora em incursões acadêmicas. E, exceto por ter completado o nível superior, nunca me atentei para o mundo e linguagem próprios da academia. E esse mundo novo (pra mim) trouxe consigo algumas exigências típicas: uma delas, a questão das referências bibliográficas. Quem já escreveu monografia (não foi o meu caso), tese, dissertação de mestrado, etc., sabe o quanto é difícil coletar as referências bibliográficas e apresentá-las em um formato pré-definido pela instituição.
O que eu não sabia é que existem programas específicos para ajudar o escritor. Pode-se, claro, usar o próprio processador de texto, que costuma ter (no caso do Word, por exemplo) uma ferramenta própria para gerenciar referências e citações. Mas, fora disso, os programas começam na casa dos cem dólares e o céu é o limite…
O aplicativo campeão para isso é o EndNote. Disponível para Mac e para Windows, é adotado por muitas universidades pelo mundo. Porém, o mundo moderno de quem usa iPad, Kindle, etc., acaba fazendo do EndNote algo meio anacrônico. Se é poderosíssimo como ferramenta para centralizar as referências, peca pela falta de integração com dispositivos móveis.
Um parêntese aqui: muitos dos artigos que estou lendo são em PDF. E adquiri um costume do Kindle, que, curiosamente nunca usei em livro de papel: passei a marcar os textos que me interessam, e a adicionar comentários. Isso é possível em PDF, mas, como uso o iPad (que, provavelmente, é o melhor leitor de PDF que existe, por conta da tela fantástica e por causa da portabilidade), tive que buscar algumas ferramentas. Testei o iAnnotate, mas acabei ficando com o GoodReader, que integra lindamente com o DropBox.
Pois bem: uma colega da faculdade me falou do BookEnds, mas não me pareceu legal a integração desse com o iPad. Dei de cara com o Sente, que me motivou a escrever esse artigo.
O Sente é bem elegante, tem uma interface própria para Mac (o EndNote, segundo dizem, tem jeitão de Windows), e tem um aplicativo pra iPad que sincroniza lindamente com o Desktop, e permite, no próprio aplicativo, fazer marcações e anotações em PDFs.
Só acho ruim o fato do Sente ser mais centralizador do que… bem, do que deveria. Gostaria de poder continuar usando o DropBox, mas o Sente é bastante agressivo, até bloqueando salvar suas libraries no DropBox. Ele até permite que os PDF’s continuem em um folder qualquer, inclusive no DropBox, mas a experiência fica limitada.
Assim, quando volto para o Desktop, tudo o que grifei nos PDFs está lá, lindamente catalogado, pronto para ser inserido no texto do documento que estou a escrever, seja no Word, seja no Pages, seja em vários outros processadores de texto para Mac. Aliás, o Sente é bem centrado em Mac, portanto integra com quase todo processador de texto dessa plataforma.
O chato é que esses programas quase nunca têm uma forma legal de catalogar legislação (essencial para quem lida com Direito), nem para ajudar a citar livros eletrônicos do Kindle. Mas não se pode ter tudo, não é?
O Sente está disponível para testes, o que, infelizmente, não é o caso na versão para iPad (tem até uma versão gratuita, mas sem muitos recursos). Tem preços razoáveis para estudantes. Vale a pena!
UPDATE: NÃO confie tanto no Sente para suas referências bibliográficas!!!! Após um uso pra valer nessa semana, o programa perdeu todas as referências às páginas que fiz no meu texto. Tive que digitar uma por uma de volta. O programa, de vez em quando, apresenta um bug que não reconhece mais um tag, e aí você não consegue mais atualizar uma referência que modificou no Desktop. Passei uma raiva danada ontem tentando consertar o estrago – umas 30 citações tiveram que ser corrigidas na mão. Acho que vou experimentar EndNote+GoodReader.