24/10/2011
por francis
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Culturas

Ontem, andando no centro de Oslo, encontrei uma daquelas bandas de música latinoamericana que se encontram nas grandes e médias cidades brasileiras. Normalmente são da região dos Andes, e tocam música tradicional, com instrumentos e vestimentas típicas. Geralmente, com traços indígenas.

A música era fantástica, e me aproximei para escutar um pouco. Achei interessante quando duas garotas norueguesas se aproximaram para perguntar pelo CD, e falaram em espanhol com o um dos integrantes do grupo. É incrível como quase todos os noruegueses que conheço têm alguma ligação com a América Latina, seja porque lá já estiveram, ou porque gostam do lugar. Infelizmente, a cobertura da América Latina nos jornais é quase inexistente…

Mas, voltando: uma das moças, a que falava em espanhol, respondeu que gostava muito do Equador, país de origem dos músicos que ali tocavam. Então esse integrante perguntou se a amiga dela seria sua irmã. A moça respondeu: “No, es mi novia!”. O músico sorriu um pouco, e disse: “Não, sério, ela é o que sua?”. E a moça, sorrindo: “É minha namorada!!”. O moço, então, ainda sem acreditar: “Vocês aqui são muito engraçados”, no sentido de que ainda pensava que era uma piada…

Essa situação me deixou um tanto pensativo: quantos Brasis existem no nosso país? Quantas mortes em nome da honra ainda se admitem? Quantas agressões às minorias?

Por outro lado, ainda me dá medo ao se banalizar alguns valores – e me refiro especificamente ao caso da piada(?) do tal Rafinha Bastos a respeito da Wanessa Camargo. Muita gente da imprensa defendeu o humorista, invocando a liberdade de expressão, e de que o contexto era de humor.

Vamos então esquecer, por um segundo, que unanimemente se considerou que aquilo foi de péssimo gosto, e que, assim, no meu entendimento, deixaria de ser humor, mas sim tentativa de fazer humor às custas de um ato grosseiro.

Será a liberdade de expressão absoluta? Eu sei que a charge, o deboche, a caricatura, todas são formas de liberdade de expressão às custas do ridículo alheio. Mas será que não há uma dignidade violada quando alguém vai a público dizer que “comeria” uma mulher grávida e seu filho ainda por nascer? Colocando-se no lugar da cantora – será que seria agradável ver uma piada(? – insisto na interrogação, pois se aquilo era pra ser piada, o autor agiu com imperícia, o que traz sobre si ao menos a culpabilidade) desse tipo, ainda mais referente a um filho?

Sou só eu que consigo ver diferença entre a gozação com o alheio de uma ofensa moral? Será que os jornalistas que defendem o cidadão não conseguem fazer nenhuma distinção entre ofensa à honra e manifestação artística indevida?

Enfim, acho que o que nos falta hoje em dia, talvez, seja não só boa educação para enxergarmos as nuances da vida moderna, com todas as suas sensibilidades, mas também caráter para não abusarmos dos nossos direitos que a duras penas foram conquistados, usando justamente dessa desculpa para deles abusar.

P.S. – Nunca sei como consigo começar com um tema e saltar para outro assim, na maior cara de pau… 🙂

22/10/2011
por francis
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Quando tem que acontecer, acontece…

De alguns anos pra cá, sempre segui o conselho dos mais velhos, e passei a fazer backup de todos os meus dados.

Hoje em dia, fazer backup é muito relevante, já que nossa história é quase toda digital – fotos, músicas, documentos e até livros. É claro que muita coisa já tem backup por si só, devido ao fato de que boa parte de nossos dados já está “na nuvem”.

Mas, não se enganem: quando é pra dar errado, dá…

Em dezembro do ano passado, meu HD foi pro beleléu. Sorte minha, tinha um backup, além de ter conseguido salvar quase tudo do HD. O que não é pouco, já que guardo dados referentes a períodos superiores a 10 anos no meu computador.

Pois em menos de 10 meses, eis que o problema volta a ocorrer. E dessa vez me pegou de calças curtas: sim, eu tenho backup. Ou melhor, tinha: nessa semana, o Time Machine, sistema de Backup da Apple, resolveu dizer que precisava recomeçar um backup do zero. Meu HD deu problema justamente quando a cópia dos dados estava em 90%.

Estou conseguindo, até o momento, copiar minha pasta de usuários para outro HD. Mas perdi a confiança total nesse Mac que uso (MacBook Pro Mid 2009). Dois HDs com defeito em menos de 1 ano?

Eu queria comprar um MacBook Air, e vinha adiando isso. Sim, precisava comprar uma máquina portátil pra levar pra faculdade. E o Air funcionando é a coisa mais linda que existe – é rápido de uma forma que todos os computadores deveriam ser. Mas precisava (e preciso) economizar. Entretanto, não tive escolha agora, e, morto de medo de HD, parto para o SSD (novo tipo de dispositivo de armazenamento usado no MacBook Air, tipo memória flash, semelhante aos usados no iPad, no iPhone, etc.).

O duro vai ser me acostumar a usar 256gb quando minha pasta de usuários tem, se estiver íntegra, 411gb…

 

13/10/2011
por francis
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Primeiras impressões do iOS 5

Primeiramente, devo dizer que nunca vi um update me causar tanto problema. Só consegui deixar o iPhone pronto depois de quase 20 horas de labuta. O iPhone era restaurado, mas o iTunes insistia em dizer que a restauração havia sido interrompida, e que precisava retomá-la. Quando fiz a terceira restauração, emputeci, e coloquei que era um novo iPhone. Aí tive que selecionar novamente o que queria sincronizar, o que é um saco.

Nesse momento, o iPad está a ser sincronizado.

O novo iOS pareceu excelente. As notificações são muito boas, e achei que o telefone ficou mais rápido. Algumas coisas precisam ser mais estudadas – Por que não se pode mandar mensagens privadas via Twitter, apenas mensagens públicas?

O iCloud é outro que não vi lá muita graça. Mas, enfim, vamos usando pra ver como fica. Não vi qual a proposta de se compartilhar documentos entre devices iOS, quando seria ideal a troca de documentos entre iOS e desktop.

Outra coisa chata: consegui finalmente usar meu apple id .mac para alguma coisa – MENOS para e-mail. Sonhava em reativar meu e-mail @mac, mas não foi dessa vez.

Enfim, com uma miríade de Apple IDs (necessários ao longo tempo porque a Apple não permite a compra por nós outros de música na Apple Store americana, e a brasileira não tem músicas…), tá ficando insuportável atualizar os aplicados. 3 Apple IDs dão trabalho…

Já em outro aspecto: meu Mac está LENTO, o Safari está imprestável e o sistema vai pelo mesmo caminho. E isso em um MacBook pro de apenas 2 anos. Encomendei memória (estou com 4gb, vou para 8gb), pra ver se há alguma esperança desse computador volta a ser útil – agora é só fonte de raiva. Eu sei que a culpa deve ser minha por nunca ter instalado um sistema a partir do zero – trata-se do mesmo usuário já há uns 7 anos. Mas eu que não me atrevo a instalar um sistema zerado e importar manualmente as minhas coisas.

Nossas vidas hoje estão nos computadores – portanto, não quero arriscar deixar de importar alguma coisa. Se a memória resolver o problema, ótimo. Se não, só mesmo vendendo um rim e comprando uma máquina nova, que sem dúvida será um MacBook Air. Mas onde colocar os mais de 550gb do atual Mac em um computador com apenas 256gb, esse é o dilema.

PS  Visitamos ontem a Opera Software. Fantástica a visita! Fomos tão bem recebidos, e o pessoal é tão entusiasmado com o produto que me pego agora usando o browser deles! 🙂

06/10/2011
por francis
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Steve Jobs

Morreu Steve Jobs.

Desde que comecei a usar computadores, aproximadamente em 1986-87, que ouvia falar do homem. Eu já sonhei em ter praticamente todos os produtos da Apple, e tive a sorte de mexer na maioria deles (as notáveis exceções, um Newton, que deixei de comprar por pouco, e um Mac Pro).

Lembro-me da alegria de digitar comandos a esmo no Apple II de meu primo Cristiano, o quando, em São Paulo, em 1989, o pastor para quem eu trabalhei deixou eu mexer no seu Apple Iic que estava juntando poeira no armário. Ou da alegria do primeiro Mac, um Power Mac 6500, comprado nos EUA nos tempos do Real valorizadíssimo. Lembro-me de ter sonhado com um NeXT em formato de cubo, do qual só ouvia falar por revistas.

Lembro-me de ter assistido à maioria das keynotes da Apple desde 1997, quando comprei meu primeiro Mac, e de nunca ter deixado de acompanhar a companhia por todos os dias desde que comecei a usar tal computador.

Parece estranho, mas não se trata de paixão pelas máquinas em si, mas pelo que elas trazem. Amigos de qualidade ao redor do mundo, momentos de bastante diversão, um trabalho de qualidade realizado em computadores que estimulam a criatividade.

Sei que Steve não era de personalidade das mais fáceis de lidar. Talvez muitos de nós também não sejamos. Mas não se pode ficar parado diante de sua genialidade. E é à genialidade, à visão e ao carisma do mito que rendo minhas homenagens agora.

Descanse em paz, Steve. Você venceu. De alguma forma, usar Mac agora não será mais o mesmo. Você nos fez usar o Mac também por uma causa, por uma rebeldia. Hoje, usar Mac talvez não signifique mais ser rebelde, ou ser contra o “status quo”, como uma das propagandas dizia. Mas era isso que você queria, imagino: que o Mac fosse o computador para o resto de nós. Se hoje os usuários de Mac já não são mais membros de uma comunidade global que lembrava quase uma seita, é porque a plataforma vingou. E, atrevo-me a dizer, ultrapassará o Windows em algum momento, devido ao seu crescimento ter atingido a um momentum ímpar. Não que isso importe. Na verdade, é que usar Mac hoje passou a ser uma escolha natural, sensata, e não mais um ato de rebeldia, de coragem.

Acredito que, agora, desaparecendo o valor agregado de se comprar uma máquina anunciada por Steve Jobs, aqueles de nós que as usamos desde sempre, faremos isso com um pouco menos de paixão, por escolhas racionais (que os macusers podem enumerar tranquilamente) e menos emociais, mas com a nostalgia de termos ajudado, com ele, a mudar o mundo com a paixão que ele nos inspirou.

Descanse em paz, Steve Jobs.

05/10/2011
por francis
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Interesse Público

Escrever sobre o próprio país quando se está longe pode ser uma tarefa delicada. A distância e as novas experiências dão uma visão privilegiada, mas também, se a reflexão não é cuidadosa, pode revelar-se arrogante ou mesmo imatura, por desconsiderar as peculiaridades do determinado país.

Feita reflexão acima, eu devo dizer que algumas coisas me chamam a atenção na forma que a gente vê as coisas no Brasil. Imagino que discutimos muito as coisas sem uma visão finalística, de resultado, mas apenas com um certo viés imediatista. Dois casos me fizeram pensar muito nisso.

Um, é o Exame de Ordem da OAB. Conversando com colegas de lugares tão variados, não conheci um só exemplo de país onde o exame de ordem não existe. Pelo contrário: as exigências para o ingresso na carreira da advocacia são quase sempre mais duras do que no Brasil, envolvendo, além da graduação, um tempo de mestrado, de estágio em escritórios (além daquele realizado na graduação), etc.

No Brasil, o que se diz? Não vi um só defensor da abolição do Exame de Ordem discutir se este é ou não útil para melhor o nível da advocacia, que é o que está realmente em jogo. O debate passa sempre pela (in)competência da OAB para regular o acesso à profissão, à vontade da Ordem em arrecadar, em que o MEC é quem deveria fiscalizar, que o Exame seria inconstitucional, etc. Ou seja: tudo o que NÃO importa tanto quanto o fato de que é absolutamente necessário maior rigor no acesso à advocacia, e isso qualquer pessoa atuante nos forums (ou “fori”, para preservar o rigor latino) pode testemunhar. O nível de preparo dos advogados no exterior é impressionante. Vi advogados que saíram das faculdades especializados em Propriedade Intelectual, Direito da Tecnologia da Informação, etc. E no Brasil, a preocupação com a qualidade dos nossos profissionais parece ser a última em ordem de relevância entre os argumentos contra o Exame de Ordem. O interesse individual é sempre maior do que o coletivo.

Igual reflexão fiz em relação ao projeto de lei que atualmente virou moda em algumas cidades, e agora está a ser analisado em Vitória da Conquista, sobre a regulamentação do horário de funcionamento de bares. Os argumentos contra o fechamento dos bares depois de determinado horário são sempre os mesmos: suposta inconstitucionalidade, aumento do desemprego, cerceamento da liberdade e de uma opção de lazer. O que realmente importa, a questão da suposta redução da criminalidade e da ampla discussão de que a forma de lazer da juventude hoje resume-se, nas médias e pequenas cidades, ao consumo de álcool em bares, não é sequer lembrado.

E quando a discussão passa pela constitucionalidade, parece piada, porque subitamente, o Brasil se transforma no país mais garantidor das liberdades, mais democrático e mais humano do mundo, como se países onde o controle da venda em bares de bebidas alcoólicas fossem exemplos de ditaduras (justo países como Reino Unido, Noruega, Japão e Estados Unidos).

Eu não estou dizendo que o Brasil não teria uma realidade única, e que não poderia ser vanguarda no debate das garantias civis, ou que sempre teria que respeitar, como se fosse um cão vira-lata, o entendimento de outros países. Só acho que, por conta de décadas de ditadura, desconfiamos tanto do Estado e não enxergamos mais o que é interesse coletivo (digo isso inspirado no que disse um dos primos meus em uma discussão no Facebook). Aqui na Noruega foi feita uma pesquisa que apontou a relação entre a venda de álcool e o aumento da violência.

O bom de se morar fora por um tempo é perceber que às vezes temos que pensar no que queremos, e não apenas se algo está de acordo com os paradigmas que construímos como uma jovem nação, ainda um tanto insegura com o que seríamos quando donos do nosso próprio destino.

 

 

04/10/2011
por francis
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Voltas do mundo

Desde sempre, um dos meus maiores hobbies foi mexer com VoIP. Cheguei a configurar um servidor Asterisk em casa, e lembro-me das primeiras experiência com o Oliver e com o José Antônio entre os anos 2005-2007.

Qual não é a minha surpresa quando recebo uma das tarefas do mestrado, dando a opção de escolher um tópico entre três, para falar de net neutrality e VoIP em redes móveis…

Quer coisa melhor? 😀

(posso até escrever mal, mas pelo menos vou escrever com gosto! :D)

 

02/10/2011
por francis
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Memórias de São Paulo e as Burecas

Morei em São Paulo por uns 4 meses ao todo – cerca de um mês em 1989 e 2-3 meses em 1992-1993. Estranho dizer “morar” por tão pouco tempo, mas é que a ida sempre foi em caráter definitivo, mas acabei não ficando muito por lá.

Na primeira vez, em 1989, morei em um lugar que ficava vizinho a uma lanchonete chamada Casa Búlgara, e lá conheci as Burekas, salgados típicos da Europa Oriental-oeste da Ásia. Qual não foi minha surpresa ao encontrá-las aqui na Noruega, nos mercados!

Mas, devo dizer, não fazem jus à memória que tenho daquelas da Casa Búlgara…

P.S. – O link acima não é da Casa Búlgara mesmo, mas sim de um blog onde encontrei informações sobre o lugar, feliz por saber que ainda existe!

28/09/2011
por francis
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Dorian Gray

Cada vez mais concordo com a situação descrita no livro de Oscar Wilde, “O Retrato de Dorian Gray”. Cada vez que erramos, cada vez que somos injustos, levianos, maldosos ou quando nos falta caráter, essas falhas ficam meio que impregnadas, e passam a ser parte de nós, constantemente ali.

Não que seremos para sempre injustos, levianos, maldosos, etc.. Para isso existe o perdão, o arrependimento, a purgação. Mas parece que sempre carregaremos os erros como lições. Sem o perdão, nossa humanidade se perderia na obrigação de nunca aceitar falhas, e na constante paranóia de nunca errar.

Gosto do fato de que a religião que escolhi (ou de ter me escolhido) ensinar que se deve ter compaixão. Isso me faz ter esperança de que poderei encontrar compreensão, e também me impõe o dever de procurar entender as pessoas. Porque se eu erro, todo mundo também o faz – e nisso Cristo foi revolucionário ao mandar atirarem a primeira pedra. E ainda que alguém tivesse atirado por não ter errado – Cristo poderia tê-lo feito – a compaixão por quem erra nos torna, ao menos, mais justos com nós mesmos.

(PS. – Sei que o texto parece meio estranho, permitam-me a diatribe de falar sobre esse assunto – é que tenho visto algo aqui que me chamou a atenção sobre o assunto)

28/09/2011
por francis
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Eliana Calmon tem razão

A Ministra Eliana Calmon, magistrada com altos serviços prestados, disse em uma entrevista o que juízes não gostam de ouvir. Juízes, via de regra, não costumam gostar de receber críticas, pelo menos não as coletivas. Sentem-se pessoalmente atacados, como se as instituições não devessem ser criticadas. Eu nunca me senti pessoalmente (pelo menos nem sempre) atingido quando a minha categoria – a de advogados – recebe ferozes observações da sociedade. Críticas gerais sempre serão injustas quando consideradas individualmente, isso é óbvio, e só alguém desprovido de razoável bom senso poderá admitir que uma crítica a uma determinada categoria significará demérito para cada integrante dessa categoria.

Pois bem: o que irrita, no caso da Ministra Eliana Calmon, é que ela não disse nem mais nem menos do que todo mundo sabe, o que todo mundo vê acontecer, mas que, por força de uma suposta canonização do Poder Judiciário, ninguém se atreve a dizer. Por algum acaso, pergunte-se a qualquer promotor ou advogado, ou mesmo a alguns juízes, se não faz sentido a frase “É preciso acabar com essa doença que é a ‘juizite'”, proferida pela Dra. Eliana Calmon. Ou, quando ela diz “Hoje é a política que define o preenchimento de vagas nos tribunais superiores, por exemplo.”, não está a dizer algo que todos nós suspeitamos?

Parece que debater o judiciário, no Brasil, citando-se as práticas nefastas, é pecado mortal. Se a Ministra tem a coragem de dizer o que viu, ao invés de constranger seus pares, longe disso, viram uma nota pública ser assinada pela maioria dos outros ministros. Isso é uma vergonha. É sinal de que o Poder Judiciário agiganta-se, no pior sentido da palavra. Se já não bastasse o apetite legiferante que assola o PJ nos dias de hoje, é ainda mais assustador ver que esse Poder não parece disposto a se questionar, a admitir as suas falhas, a questionar suas condutas reiteradas, a de não exigir para si o mesmo padrão de moralidade, eficiência e ética que costumam cobrar dos outros poderes em seus pronunciamentos e decisões.

Ou o Poder Judiciário para de usar de argumento de autoridade e começa a aceitar o transparente debate e críticas da sociedade, dando o exemplo necessário que deve partir principalmente de quem dá a palavra final, ou estaremos diantes de uma ditadura judicial incompatível com o Estado Democrático de Direito. Uma ditadura onde a hipocrisia de se criticar uma Ministra que disse o que todo mundo sabe passa a ser forma de intimidação a quem pretende ser transparente ou mostrar sua opinião.

Talvez eu não teria escrito isso se os senhores ministros se limitassem a dizer que não concordavam, ou que era uma visão pessoal da ministra. Mas não, vieram com o discurso cínico de que as afirmações foram levianas porque não destinadas a alguém individual… Isso é tão cínico e covarde, e mostra que pretendem usar da força e da intimação para coibir a crítica institucional. É uma vergonha, mesmo.