10/10/2010
por francis
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Livros que li: Pequena Abelha

Título Original: Little Bee

Autor: Chris Cleave

Li a versão digital no iPad.

Livro excelente, ainda que meio doloroso, sobre a história de duas pessoas que se cruzam acidentalmente e, de forma trágica, têm suas vidas entrelaçadas desde então – uma menina nigeriana que tenta asilo no Reino Unido e uma inglesa que passava férias na Nigéria.

O tema sempre me tocou muito – os refugiados, suas histórias, medos e anseios. E a felicidade e alívio em viver em um país que, noves fora a corrupção, a desonestidade e outras mazelas, felizmente não tem conflitos étnicos e não costuma ter problemas de discriminação por causa da nacionalidade. Claro, alguns poderiam argumentar a respeito da discriminação pela cor, o que, infelizmente, é universal. Mas a discriminação por origem é bem menor, e não é tão aparente aos olhos estrangeiros como se sente quando se vive em um desses países desenvolvidos. Mas, enfim, digo tudo isso de forma confusa, porque, tendo emigrado antes, sempre me foi confusa a idéia de ser estrangeiro, e de como vemos os estrangeiros no Brasil, e como os estrangeiros são vistos fora daqui.

09/10/2010
por francis
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Você é um criminoso? Você é um terrorista?

Eu tenho certeza que você é um(a) cidadão(ã) de bem. Sei que você é gente boa, uma pessoa honesta, um amigo para todas as horas.

Sei que se preocupa com a sua família, com alguns valores morais importantes. Sei que se preocupa com os exemplos a serem dados aos seus filhos.

Sei que seu voto é consciente. Que, na época das eleições, procura se informar sobre os projetos políticos dos candidatos, e, possivelmente, faz suas escolhas com base nas propostas dos seus candidatos.

Mas, na intimidade do seu lar, quando ninguém está olhando, você, solitariamente, vive uma vida dupla.

Você se transforma em um criminoso.

Você repassa aos seus amigos um texto qualquer, sem sequer se dar ao trabalho de pesquisar no Google algo acerca da sua autenticidade. Você não percebe que o autor da matéria sequer existe, ou sequer escreveu aquilo.

Você vilipendia a honra das pessoas, questionando, de forma covarde, a sexualidade delas, violando, de uma só vez, a postura ética, despida de preconceitos pela qual você se pauta, e a verdade, sem se dar ao trabalho de verificar a fonte da calúnia.

Você envia fichas criminais falsas, sendo cúmplice, assim, de falsificação grosseira (isso sem contar com o fato de que, enquanto a maioria de nós vivia como gado tangido durante a ditadura,  alguns contra ela se insurgiam – toda e qualquer legislação do mundo democrático trata com benevolência o crime político, porque entende que a liberdade não pode ser sufocada, e que, quando isso acontece, há que se insurgir contra isso até com a vida).

Você, que vota conscientemente, bom cidadão que é, deseja conquistar o voto dos outros pela mentira, pela calúnia que espalha no anonimato, pelo boato que espalha. Você se torna cúmplice do crime.

Crime? Sim. Basta olhar o Código Penal Brasileiro e verificar que todos esses atos constituem ou calúnia, ou injúria, ou difamação.

Você está virando terrorista.

Você espera que seus filhos sejam cidadãos iguais a você. Justos, honestos – do bem. Mas você, secretamente, pratica aquilo que não gostaria que eles praticassem. O terrorismo. A mesquinharia da destruição anônima da honra alheia.

A internet possibilita hoje que, de forma confortável, pratique-se aquela conduta típica de décadas anteriores: a da carta anônima.

Prática covarde, que não dá direito de resposta. Que tenta intimidar. Que não propõe nada de novo, apenas tem por objetivo desmoralizar o seu alvo.

E, pior de tudo: você manda esse lixo todo pra seus amigos, a mim, inclusive, que você sabe ser simpático a candidatura diferente. Ou você me julga burro o suficiente para me convencer com os ultrajes que me envia, ou, se acredita naquilo que está a me enviar, precisa rever urgentemente sua forma filtrar informações, sob risco de tornar-se mero joguete na mão dos outros.

Sei que você se preocupa com um Brasil melhor. Eu também. Vamos fazer um pacto? Você daí, eu daqui, vamos juntos estudar o programa dos candidatos, ao invés de nos deixar teleguiar por boatos que só querem desviar a nossa atenção do que realmente importa.

Vamos desconfiar do moralismo – bem x mal, ao qual tentam nos alinhar, como se não soubéssemos que todos nós temos nossas contradições. Você vota na Dilma? Você vota no Serra? Você tem lá as suas razões. Confio em sua escolha. Deixe-me cá livre com a minha. Eu não sou idiota. Eu leio o que recebo, e vai pro lixo a mentira. Fosse nosso país um lugar sério, você e os outros que repassam as notícias já estariam na cadeia. Fosse eu um inimigo seu, já teria registrado um B.O. devido à calúnia que você praticou.

Vamos adotar na política a mesma atitude que esperamos dos nossos filhos: que sejam justos. Que não queiram nada mais ou nada menos do que lhes pertence por direito. Que não falem mal dos outros, assim como esperemos que não falem mal deles. Quem não sejam fofoqueiros, espalhadores de boatos, e que aprendam a respeitar as outras pessoas, sem macular-lhes a honra.

Apelo a você, pessoa do bem que é, que reflita sobre a postura covarde de espalhar mentiras. Você não enfiaria dedo no olho ao brigar, enfiaria? Pois a covardia dos e-mails difamatórios envergonha o Brasil. Dizem que o voto dos que recebem Bolsa-Família é um voto comprado. Pois o voto daqueles que acreditam em boatos é fruto da coação moral e vergonhosa à qual somos submetidos todos os dias.

Nossa consciência, afinal, é o que nos resta. Cuidemos dela.

05/10/2010
por francis
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Porque não acredito mais tanto na política

Eu sempre fui admirador de partidos políticos desde a tenra infância. Sempre me interessei por política, e sempre achei que nosso interesse pelo assunto faria com que escolhêssemos melhores representantes.

Eu já não acredito em política. E não, não é propriamente a decepção com o comportamento dos políticos que me afasta do assunto. É que acho que política é uma mera ilusão, uma discrepância entre realidade e ficção, e eu não tenho mais paciência para a hipocrisia.

O grande problema da política hoje em dia é que somos qual gado sendo tangido para aqui ou para ali, sempre com a crença de que estamos fazendo a escolha certa. Nossas escolhas são emocionais ou passionais.

Quer um exemplo? Vejamos: você, leitor que tem raiva da Dilma e do PT. Você provavelmente votará contra o PT ou porque sempre teve raiva do partido (porque os militantes são feios, porque são raivosos, porque são iguais aos outros aos quais outrora criticavam). Já vi gente que simplesmente não gosta da Dilma e pronto.

Já você, leitor, não volta no Serra por causa do Fernando Henrique Cardoso. Porque não volta na direita. Porque são associados ao DEM. E, também, porque são os de sempre.

Todos os motivos acima, pra mim, são passionais, e escondem algo que, isso sim, é preocupante: há uma dissociação muito grande entre a competência administrativa dos governos e o que realmente é debatido.

Criticam o fisiologismo do PT hoje, como se qualquer partido que venha a assumir o poder fosse, num gesto de altruísmo, nomear pessoas de outras linhas ideológicas. Aliás, note-se que o PT, pelo menos, nomeou o Henrique Meireles e o Celso Amorim, sempre aliados com outras linhas ideológicas, sempre em nome da boa administração. Mas, de regra, quem assume o poder coloca os seus na administração.

O próprio escândalo da Erenice Dias, por exemplo – quem desconhece o apetite das pessoas para levar alguma vantagem quando tem acesso a informação privilegiada? Só quem desconhece como funciona a Administração Pública é que pode afirmar que esse tipo de coisa não acontece em qualquer administração.

Os índices do governo – econômicos e sociais – seriam bons indicadores, mas podem sofrer manipulações.

Uma escolha coerente e consciente para o voto é dificílima. A decepção costuma ser a regra. Há personalismo demais na nossa política.

Sabe qual é o problema? Nem você nem eu sabemos como as coisas funcionam lá dentro. Uma vez um assessor parlamentar me disse que os deputados, por exemplo, bocejam se você for discutir um projeto de lei com eles. Mas experimenta dizer: “o senhor ouviu que Fulano vai para outro partido?”. “O QUEEEE???? QUANDO????”. O interesse é do a auto-preservação.

Mas como funciona a administração? Qual o planejamento? Nas cidades pequenas, quem assessora esses prefeitos inexperientes, sem curso superior, sem bons administradores, procuradores, médicos, professores? E nas cidades médias e grandes? Nessas administrações complexas, quem planeja o futuro? Quem tem projeto?

Infelizmente, nem eu nem você sabemos ao certo o que é feito dentro dos Palácios, das governadorias, das prefeituras. Nem eu nem você acompanhamos as licitações. Não nos entrevistamos com os professores municipais para ver a qualidade da sua técnica.

Eu não me acho exatamente como Classe Média – acho que alguém só tem percepção de sua classe social quando se casa e começa a comprar determinados itens que, quando solteiro, não faziam falta. Mas acho que a Classe Média, de todas as classes, é a que tem a menor percepção da eficiência de um governo. A Classe Média não usa os serviços públicos – não usa o SUS, não usa escola pública, vive em condomínio privado, etc. Portanto, a avaliação é ideológica ou passional.

Já as outras classes talvez tenham uma decisão mais diretamente vinculada aos seus interesses. As classes C e D, por exemplo, são destinatárias dos programas sociais, e seu voto, claro, é fruto da melhora na qualidade de vida. Isso sem falar na estabilidade da moeda. Já a Classe A vota em razão da tal estabilidade, mas também em razão das facilidades negociais proporcionadas pelos governos.

Mas qual Administração sobreviveria a uma auditoria do tipo ISO 9001? Se a saúde de uma empresa privada é comprovada por sua conta bancária, sua adimplência a fornecedores e em relação aos tributos, como a sociedade avalia as contas do governo?

Os candidatos são vendidos pela TV como se vende coca-cola. Não há escolha que possa ser coerente com base em inútil programa eleitoral gratuito.

O que a sociedade precisa, urgentemente, é de acompanhamento das administrações. ONG’s formadas por administradores, economistas, juristas, médicos, etc. Profissionais que dediquem um pouco do seu tempo para acompanhar as escolhas dos gestores. As licitações. O planejamento. Tudo isso de forma apartidária, o que, de certa forma, é ingênuo admitir que aconteça. Mas sem que tenhamos conhecimento do que está sendo feito, ficamos com aquela percepção negativa ou positiva. Quer um exemplo?

Eu fui a Salvador no ano passado, e visitei o Pelourinho. Baseado nessa única percepção, eu jamais votaria no atual governador. Acabaram com o lugar. Não há, pra mim, justificativa aceitável para explicar como puderam ser tão omissos com um dos lugares mais significativos de Salvador. Mas o governador foi eleito. Sinal que, em muitas áreas para mim imperceptíveis, sua gestão foi excelente.

Enfim, enquanto a sociedade não acompanhar os gastos, não questionar as compras, não aferir a eficiência das escolas e da rede de saúde, não participar do planejamento para o futuro, vamos continuar votando por medo, por beleza ou por conveniência.

P.S. – E o Tiririca? Bom, ele não vai nos decepcionar. Vai ser um péssimo deputado. Não virá surpresa. Mas e os que elegemos, achando que serão bons representantes? Esses quase sempre não nos surpreendem, e acabam sendo uma lástima.

03/10/2010
por francis
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As eleições são o último resquício da ditadura

Nada lembra mais a Diatadura Militar do que as eleições. Aliás, acho que a forma de condução do processo eleitoral hoje é, talvez, sob alguns aspectos, mais ditatorial do que na época da Ditadura.

Primeiro, é esse clima de “Ordem”, de “segurança nacional”, como se estivéssemos em estado de sítio. Não pode isso, não pode aquilo. É a chance que os ditadorezinhos de plantão têm para colocar suas vocações autoritárias para fora. É policial que vê em camisa vermelha/verde/azul como se fosse conluio para propaganda fraudulenta. É Juiz Eleitoral visitando seções de votação como se fosse coronel.

Minha desilusão com a política é ainda maior quando o assunto é eleição. É quando as pessoas colocam as instituições de lado para defenderem o que acham. Reparem que, para as eleições, todos os princípios constitucionais são relativizados, sem lógica alguma, só para que algumas pessoas se sintam mandando e tenham a sensação de que as massas estão domesticadas. Mas eu chego lá.

Primeiro, continua a ridícula, anacrônica e demodê proibição da boca de urna. Tudo para preservar uma suposta “ordem”, típico da Ditadura, onde uma mosca voando era atentado à segurança nacional. Ganha uma quentina-de-mesário quem responder qual o sentido de proibir a propaganda eleitoral no dia da eleição. Antes, a proibição era para impedir que os partidos de esquerda, que tinham militância, pudessem angariar mais votos. Hoje, serve para que policiais e juízes mostrem quem manda. E, depois, os processos ficam lá, entupindo os armários da Justiça Eleitoral, incomodando serventuários, advogados, partidos, militantes e os mesmos juízes, já que tem muita coisa mais importante para ser julgada.

As constantes restrições à propaganda são outro retrocesso: a questão não é disciplinar as eleições, a questão é ter a sensação de controle. Não é por outra razão que um imbecil qualquer propõe uma lei para controlar publicidade eleitoral na internet, como se fosse possível submeter uma rede mundial às indiossincrasias tupiniquins. Ai o TSE (e depois o Congresso, a reboque), define até o que é outdoor e o que é placa, fazendo, a cada eleição, surgir as maluquices – placas móveis, carregadores de estandartes, bonés, enfim – sempre limitando a livre expressão e, ao mesmo tempo, permitindo subterfúgios patéticos que, possivelmente, só existem aqui mesmo.

Depois, a ridícula lei seca. Como se domingo deixasse de ser domingo. Como se tivéssemos que assistir a uma missa durante o dia todo, ou ficar em casa, apenas porque se trata de eleição. Na verdade, esse ano a lei seca não foi obrigatória em vários estados, mas aqui em Conquista os Juízes, provavelmente para evitar trabalho para eles mesmos, suspenderam a venda de bebida alcóolica. Claro, a desculpa vai ser, sempre ela, a “ordem”, que tem que ser mantida a todo o custo. A mesma “ordem” que tem que ser mantida prendendo um bocado de pobre coitado cujo crime é distribuir um santinho.

Enfim, o que deveria ser uma festa cívica se transforma em um flash de restrição ditatorial do comportamento do brasileiro. É uma emulação do comportamento típico das ditaduras: o controle completo das massas, para que sejam dóceis e domesticadas. Nem que seja por um só dia.

E aí convivemos com as idiotices todas, que violam a Constituição que, engraçado, é democrática: boca de urna, propaganda eleitoral irrestrita (tudo violando a liberdade de expressão, que é princípio constitucional), boca de urna e ficha limpa (que violam o princípio da presunção de inocência), horário eleitoral gratuito (que confunde venda de coca-cola com difusão de propostas), etc.

Enfim, o que outros países comemoram como festa cívica (ou, na verdade, apenas como uma forma apática de cumprir uma obrigação imposta pelo Estado), aqui nos serve apenas para nos lembrar que não é seguro segurar um santinho, não é permitido usar uma camisa com o nome do candidato preferido, não pode beber uma cerveja mesmo com um calor de 35 graus. Enfim, não pode.

É o País onde a bandeira nacional não pode ser vestida. É o país onde a justiça não consegue julgar criminosos, mas empilha processos por boca de urna.

Tudo no Brasil é isso – blábláblá, e pouco desejo de ver as coisas como são.

27/09/2010
por francis
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Época e Veja no iPad – impressões

Faz tempo que não leio revistas semanais, já que a internet é fonte de notícias atuais e imediatas. Porém, é sempre bom ter conteúdo bem diagramado e off-line para se ler. Portanto, grande foi a minha satisfação ao ver que as editoras estão começando a lançar coisas pro iPad. A Saraiva lançou o seu leitor digital – leeeeeeeento, mas funciona.

E a Veja lançou também a revista em formato digital. Baixei para testar, já que não leio a Veja – virulentos demais pro meu gosto – é como ler o Notícias Populares da política. Mas o aplicativo deles é mais bonito, eficiente e bem resolvido que o da Época, publicação que assinaria devido aos textos menos doutrinários que os da Veja.

O aplicativo da revista Época, cuja primeira edição disponível para download foi gratuita, assim como foi o da Veja, é ruim. Passar as páginas é menos fluido. É lento também o redesenhamento da página ao se alterar a posição retrato-paisagem. Os textos tem letras por demais serrilhadas.

Mas teve um ponto forte: o uso de conteúdo multimídia foi BEM melhor que o da Veja, embora, às vezes, abusaram do “clique na imagem para mudar de notícia”. E o uso de vídeo para publicidade foi muito legal – principalmente os vídeos da Topper – hilários.

Enfim, espero que a IstoÉ, a Caros Amigos e a Carta Capital também ofereçam versões para iPad. E espero que venham logo mais livros! Chato ter que comprar livro em inglês só pela falta de livros digitais atuais em português. A exceção foi o Caim, de José Saramago, que comprei pela Saraiva, mas estou esperando para ver se o aplicativo fica mais legal de se usar.

21/09/2010
por francis
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iPad, 3 meses depois e iPhone 4 – 2 semanas

Já lá se vão quase 3 meses desde que adquiri o meu iPad, e chamou a minha atenção a quantidade de notícias que venho lendo a respeito da queda nas vendas dos Netbooks, e é fácil entender o porquê disso.

O iPad realmente torna desncessário o uso de um netbook para a maioria das coisas que as pessoas fariam com um netbook. No meu caso, uso o tablet da Apple principalmente para ler, ouvir música e assistir vídeos, além de consultar um banco de dados ou compromissos. A bateria dura uma eternidade. Como costumo ler na cama, ler as notícias com agregadores faz mais sentido no iPad do que no computador. Ler jornais no danado também. E ler revistas nele é fantástico. Enfim, o que funciona, funciona bem.

O ruim é blogar no iPad. Twittar funciona bem, porque a interface de alguns programas é de cair o queixo. O próprio Twitter oficial funciona muito bem. Blogar é ruim não por causa do teclado virtual. O problema é que, estando na cama, é muito chato encontrar uma boa posição para digitar. Gostaria que inventassem um suporte para usar o iPad na cama. Assim, usaria o teclado sem fio sem problema algum.

Faz falta também uma câmera no bicho, mas entendo que seja assim e entendo que seria difícil manter uma conversa coerente segurando o tablet a fim de encontrar a posição correta para a câmera. Mas não me importaria de usar uma tipo as primeiras iSight. Digo isso porque percebo que, com o iOS 4, pra 90% do que faço com o notebook vou poder usar o iPad. Só vai sobrar digitação de textos longos e um Photoshop eventual. Com o iPad, até brincar com piano virtual é mais fácil do que simplesmente rodar o GarageBand. Tudo é muito flúido, tudo funciona rapidinho. Com multitarefa, vou poder usar os instant messengers, skype, navegar no Safari e ouvir rádio – tudo ao mesmo tempo. E com uma velocidade que nenhum notebook me proporciona. Coisas que tenho feito, surpreendentemente, com o iPhone 4.

Esse aparelho é uma coisa… O iPhone 4 tem a tela mais bonita que já vi. O duro é acordar à noite para ler uma mensagem e ter a visão ofuscada pelo brilho do maluco. A velocidade do aparelho é igual, para mim, à do iPad. Tudo flui com rapidez e agilidade. Esses dias usei o fring para fazer uma videochamada com um amigo. Funcionou perfeitamente. Podia ouvir uma rádio virtual enquanto batia papo através do skype e do msn. Mudar de aplicativos é super fácil. e era mais convortável do que no notebook, pois estava no sofá de casa, com preguiça de carregar um computador só para bater papo.

Sinceramente: esses dias mexi com um Milestone rodando Android. Gostei do aparelho. Mas não é tão descomplicado, e a interface é confusa. O iPhone tem uma tela maravilhosa, uma interface polida e aplicativos fantásticos.

Apesar dos defeitos do iPhone (bluetooth capado, falta de relatório de recepção dos sms enviados e falta de tethering liberado), acho que está a anos luz dos outros aparelhos. Nem tive coragem de fazer um jailbreak – ele tem se bastado do jeito que veio de fábrica.

Uma hora vou testar o FaceTime com a Bia Kunze, já que, ao que parece, só conheço ela com outro iPhone 4…

É, parece que a Apple acertou mesmo: aparelhos fechados, mas que cumprem o que promete. Foi um longo caminho desde o Apple II que, curiosamente, era excelente por ser uma máquina aberta, expansível e igualmente adorável.

E olha uma coisa: se esse novo Apple TV e seu AirPlay funcionar com outros aplicativos, tipo VLC, aí, meu amigo, vai ser PUNK!

P.S. – Encomendei o trackpad novo da Apple. Meu ombro não anda bem, e acho que é resultado do uso do mouse no escritório.

16/09/2010
por francis
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A OAB não é mais a mesma

A OAB tem finalidades não corportativas/administrativas previstas no inciso I do Art. 44 da Lei que rege à advocacia, e aqui transcrevo:

I – defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;

Por isso, é incrível como alguns dirigentes nacionais e estaduais usam a Ordem para impor suas plataformas ideológicas.

Primeiro tivemos o D’Urso, em São Paulo, com o movimento “Cansei”, movimento de gente rica, sem a presença de nenhum movimento social, com um certo verniz apartidário, mas que, sem dúvida, tinha como interesse ser porta-voz da elite (olha o petismo no vocabulário, gente!) paulista, surgido em meio à crise do caos aéreo. Como se a OAB fosse tão pequena.

Agora, reagi com surpresa ao ver que o Presidente do Conselho Federal da OAB, Ophir Cavalcante, defendeu o imediato afastamento da Ministra da Casa Civil Erenice Guerra, a fim de que sejam apuradas as denúncias. Eis a pérola:

“A partir do momento em que se coloca em dúvida a credibilidade e a postura da ministra, isso é algo que deveria atrair o imediato afastamento dela”.

Sei. Então alguém é denunciado e deve, ele mesmo, antecipar o próprio julgamento e declarar-se culpado.

Eu até entendo que, em nome da govarnabilidade, para preservação da autoridade nomeante, etc., alguém entregue o cargo em razão de suspeita de prática de delito. Mas ver a OAB, justo ela, defender que o linchamento da imprensa prevaleça sobre o princípio da presunção da inocência só me faz crer em quão oportunista e demagoga a direção da OAB Nacional se tornou.

(note-se que, caso a Sra. Erenice Guerra tenha mesmo praticado alguns dos crimes que insinua a imprensa ter ela praticado, deve ser é presa, não perder o cargo. Mas estou falando de outra coisa – o de como é fácil destruir uma reputação, e que essa destruição jamais poderá ser reparada. Prefiro que a sra. Erenice caia após ser considerada culpada, do que sofra linchamento precipitado.)

E não me venham dizer que, no cargo, ela prejudicaria as investigações. Já com algum tempo de vida pública, percebo que, nesses casos, o sucessor sempre é comprometido politicamente com o grupo, e nunca facilitaria investigação alguma. Diferentemente de servidor estável, que pode ser afastado sem prejuízo de remuneração – muito embora há até jurisprudência afirmando que tal afastamento, se considerado desnecessário, configura direito a indenização por dano moral.

Mas, no Brasil, o linchamento por parte de revista de credibilidade tão questionável quanto a Veja deveria, sim, sempre ser encarada com reserva por parte de quem a lê, em razão da parcialidade e da falta de honestidade das críticas desse meio de comunicação, conforme demonstrado, por exemplo, no caso de Ibsen Pinheiro.


09/09/2010
por francis
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Monocromático

A coisa que considero mais idiota no mundo é tratar carro como se fosse investimento na Bolsa de Valores. Ou seja: comprar carro apenas considerando seu valor de revenda, como se todos não fossem se desvalorizar, uns mais, outros menos. Essa cultura de trocar de carro em períodos muito curtos é meio tola.

E a decorrência maior disso é o extremo mau gosto na escolha das cores dos carros hoje em dia no Brasil (presumo que o fenômeno seja brasileiro). As nossas ruas estão monocromáticas! Só se vêem carros pretos, pratas ou brancos. Às vezes, aqui e ali, um carro vermelho. Parece que a vida corre em preto-e-branco. Não se vêem mais carros azuis, verdes, amarelos, laranjas… Tudo por uma questão de pragmatismo negocial.

Com isso, escolher um carro hoje se torna algo enfadonho – todos são iguais, todos parecem iguais, e, na verdade, quase nenhum tem uma personalidade, como, por exemplo, a tinha um Fusca, um Maverick, uma Kombi, um Opala… A estética dos carros vendidos no Brasil é uniforme, refletindo apenas esse pragmatismo dos motoristas daqui.

Feio, muito feio…

09/09/2010
por francis
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A vida

Aprendi que a vida não deve ser tão levada a sério. Ela é curta, frágil e imprevisível. Como algo curto, frágil e imprevisível pode ser levado a sério?

Aprendi que é preciso um propósito na vida, mas que o ideal mesmo é viver a vida apenas pelo que ela é. Planos, metas, carreiras, tudo pode naufragar. Até o amor naufraga. Talvez o que importa é viver sem esperar muito. Talvez o importante é viver sem esperar nada.

Mas tenho a leve impressão de que só amor pode dar alguma sensação de sentido à vida. O resto é apenas um consolo para a sucessão de dias que precisamos preencher apenas por estarmos vivos. Dia após dia, tudo é enfado, correria, sobe-e-desce sem sentido.

Não sei se o amor dá algum sentido à vida. Mas sua falta súbita retira-lhe qualquer gosto, qualquer cheiro, qualquer serventia. É como a fome que só se sente que tínha quando saciada. O sentido da vida, ou seja lá o que quer que isso seja – seu gosto, seu aroma – só é sentido quando falta, quando na vida não mais se sente, não mais se quer, não mais se importa.